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A mostrar mensagens de maio, 2006

Timor: só dúvidas e algumas perplexidades

O assunto de Timor está verdadeiramente confuso e não eu, certamente, que vou elucidar oassunto às massas. Resta-me, apenas, questionar-me sobre algumas pormenores e questões que gostaria de ver respondidos (por alguém a que isso diga respeito, por exemplo, o MNE ou o MAI). - Disseram que os soldados da GNR iriam manter a paz, pois, por agora, os australianos iriam repor a paz. Isto é, deixaríamos o trabalho difícil para os australianos, depois iríamos nós. Mas, segundo as últimas notícias, os australianos queixam-se de não ter um quadro legal para poderem actuar, pelo que as pilhagens mantêm-se. Por este andar, nem daqui as dois meses a GNR estará em Timor. - A mim parece-me que esta opção pela GNR e não pelo Exército é mais uma desculpa do Governo para disfarçar a incapacidade de projectar forças (por pequenas que sejam) neste momento. Com missões militares no Kosovo, na Bósnia e no Afeganistão deixou de haver capacidade de enviar uma única companhia que seja para outro lado qualquer

Boas e más traduções

Não queria deixar de dar boas-vindas à blogosfera a um colega de tradução, Marco Neves, e ao seu blog Traduzido . Entres os textos publicados, há um, com título Más traduções , bastante interessante, com o qual estou geralmente de acordo, mas que me suscita também algumas questões. Diz o Marco Neves (destaques meus): A produção de um texto traduzido tem uma tripla faceta: tem de ser um bom texto (escrito em bom português; mesmo quando o original é mau, pergunto-me?), tem de ser bem traduzido (fiel ao original) e não deve ter aspecto de tradução . A má tradução é uma falha nesses três aspectos: falha na qualidade do texto, falha na tradução, falha na transparência da mesma. 1.º Quando ensinei Técnicas de Tradução no Secundário, a primeira coisa que dizia aos meus alunos é que uma tradução é, antes de mais, um texto e, como tal, tinha que ser tratado. Mas, Marco Neves pergunta se a tradução deve estar em bom português mesmo quando o original é mau. Esta resposta é difícil de dar. Em

Miser Europa II

A Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI) divulgou ontem o seu 3.º relatório sobre a situação dinamarquesa , como se sabe esse país do norte da Europa onde não se respeitam os direitos humanos... Não o li integralmente, mas houve alguns pontos que me saltaram à vista. Por exemplo: Antisemitism 85. ECRI deeply regrets the fact that Holocaust denial and revisionism are not a crime in Denmark. It has thus been brought to its attention that 90% of Nazi material and memorabilia as well as Holocaust denial material are published and manufactured in Denmark and sold in the rest of Europe, mainly in Russia. ECRI also notes with concern that as freedom of speech prevails in Denmark, antisemitic statements are not monitored. It has further been informed that although there are approximately 5000-6000 Jews in Denmark, very little research is carried out regarding their situation. As a positive matter, ECRI notes that since 2003, each year the Holocaust Memorial Day is comme

Miser Europa...

... neste caso específico, Holanda. E porquê? Vejam o caso lamentável que esta semana se passou com a agora ex-deputada holandesa Ayaan Hirsi Ali. E isto certamente não acontece por acaso, pois esta senhora era demasiado incómoda para esta pobre Europa acobardada. A história conta-se em poucas palavras, como se pode ler aqui , por exemplo. Em resumo, Hirsi Ali, nascida na Somália, mentiu em 1997, para obter a cidadania holandesa, mas desde 2002 (ainda antes de ser deputada), que não fez segredo disso. Esta semana, a televisão pública holandesa voltou a recordar este facto, num documento intitulado "Santa Ayaan", através de um testemunho (pago) de um irmão. A ministra Rita Verdonk, do mesmo partido de Hirsi Ali, apanhada talvez nas malhas da sua política rigorosa de imigração (por vezes um pouco cega) e na luta pela liderança do seu partido, rapidamente julgou que se deveria retirar a cidadania holandesa a Ali. Isto num país em que a expulsão de imigrantes ilegais que mentiram

Poema do dia

Coimbra, 14 de Maio de 1981. REMEMORAÇÃO Sim, a vida não presta. Mas foi bonita a festa Da mocidade. O corpo são, a alma sã, e todos os sentidos Na sua virgindade Castamente despidos. Lembrá-lo, agora, dá não sei que paz. Esta paz medular De já ter sido, E ter sido capaz De uma hora solar Gravada a fogo no tempo perdido. (Miguel Torga, Diário XIII)

Leitura de fim-de-semana

Para o fim-de-semana, deixo a seguinte recomendação de leitura: L'immigrationisme, ou la dernière utopie des bien-pensants de Pierre-André Taguieff . Só um bocadinho, para ver se abro o apetite para a leitura (destaques meus): Partons de la thèse bien-pensante sur l'immigration, la thèse centrale de l'immigrationnisme, telle qu'elle est formulée dans le langage politique ordinaire : l'immigration serait un phénomène à la fois inéluctable et positif . C'est là une thèse étrange, qui a pour conséquence de fermer la discussion qu'elle semble ouvrir. Elle indique en effet une voie politique unique : celle de l'acceptation sans discussion de ce qu'on appelle « l'immigration ». Il n'est nul besoin d'être un spécialiste du droit de la nationalité pour relever l'incompatibilité entre l'existence d'États-nations indépendants et souverains et le principe de l'entrée libre dans les États-nations de tous les migrants qui se présenten

Leituras

Sou, habitualmente, um leitor incansável pelo que ando sempre com um livro comigo, vá para onde vá. A minha mulher já estranha quando saio de casa e não levo o famigerado livro. Mas, e se calhar nem sequer é estranho, a literatura não ocupa o maior espaço nas minhas leituras. Usualmente o meu interesse reparte-se entre história, linguística, teoria da tradução, literatura (com, actualmente, maior preponderância da poesia sobre a prosa e de autores mais antigos sobre os mais modernos) e política (mais ou menos por esta ordem de importância). Também é hábito ler vários livros ao mesmo tempo, alternando os livros, mas tentanto não deixar demasiados dias entre leituras para poder continuar a leitura sem perder o fio à meada. No entanto, nos últimos dias concentrei-me praticamente num livro cuja leitura me absorveu totalmente: a biografia de D. Dinis por José Augusto Pizarro , editada pelo Círculo de Leitores no âmbito da sua colecção Reis de Portugal . Esta série faz a biografia de todos o

A caixa de Pandora

Para um observador exterior, Rodriguez Zapatero parece estar empenhado em desfazer em poucos anos aquilo que levou aos reis de Castela centenas de anos a construir. Os reis de Castela sempre se acharam com direito ao título de "Imperator hispanorum", pois consideravam-se (acima de todos os outros reinos da Hispânia) como os herdeiros legítimos do Império Visigótico desaparecido em 711 d.C. Mas, agora que Zapatero está há cerca de 2 anos no governo, a Espanha dá alguns inquietantes sinais, não diria de desagregação, mas de um certo mal-estar. Depois da questão da palavra "nació" no novo estatuto da Catalunha, agora a Andaluzia aprovou um novo estatuto, que procura emular o da Catalunha, que procura equiparar essa região autónoma com as outras nacionalidades históricas, andanado às voltas com expressões como "realidad nacional" e "una nacionalidad histórica". A Andaluzia? Enfim, a Catalunha abriu o caminho, agora os outros vão todos tentar segui-l

Informação

No meu outro blog, Humanae Litterae , publico a segunda parte do meu artigo sobre Catulo .