Fantasmas...

Ontem, à noite, na A2, estava a dar o Clube de Jornalistas, programa que gosto de ver, quando me lembro, porque aparecem sempre por lá pessoas com opiniões pré-históricas e completamente suspensas no tempo. É uma verdadeira cápsula no tempo, faz-me voltar atrás cerca de 30 anos.

Outra característica que este programa tem, é a recorrente ideia do elevado conceito que têm da profissão de jornalista, quase como se fosse um sacerdócio, ideia complementada pela noção de que actualmente, obviamente devido à influência do poder económico (esse papão!), o jornalismo em geral não tem a mesma qualidade do jornalismo de outros tempos (o mito da Idade de Ouro reciclado e adaptado).

Bom, mas vamos ao que interessa e ao programa de ontem em concreto. Não o vi todo, por que me esqueci, mas ainda apanhei algumas pérolas. Um senhor, de seu nome António Rego Chaves, diz, a propósito da situação actual da comunicação social e do país, que era preciso não esquecermo-nos de que como era as coisas no tempo do Fascismo (coisa que, strictu sensu, nunca existiu em Portugal), para que agora não caiamos na mesma situação. Assim, segundo este senhor, a situação actual poderia levar a que o governo censurasse os media de agora como o governo da Outra Senhora fazia então.

É óbvio que isto é um absurdo e que a liberdade de imprensa não está agora mais ameaçada do que estava há 6 anos atrás. Alias, quando a Portugal Global foi criada e o deputado socialista João Carlos Silva nomeado presidente da RTP não ouvi estes arautos da liberdade a protestarem contra o controlo do governo (do PS) sobre media portugueses. Lembro-me do Pacheco Pereira reclamar e pouco mais...

Baptista-Bastos, também presente no programa, não poderia deixar de estar mais de acordo com Rego Chaves.

Enfim, verdadeiros dinossauros excelentíssimos que vivem ainda com os fantasmas do passado. Certamente estão com saudades da imprensa do imediatao pós-25A em que o Estado tudo podia e tudo mandava. Aí sim, é que era bom.

Post-scriptum. Não que tudo fosse mau no programa. O depoimento de Ana Sousa Dias foi interessante e certeiro.

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