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A mostrar mensagens de janeiro, 2006

As prioridades do Hamas

Para quem quiser andar por aí a fazer o branqueamento do Hamas como associação benemérita, bem pode pôr os olhos nas prioridades legislativas do novo poder eleito da Palestina (destaques meus): T he incoming Hamas government will move quickly to make Islamic sharia "a source" of law in the West Bank and Gaza Strip and will overhaul the Palestinian education system to separate boys and girls and introduce a more Islamic curriculum , a senior official in the movement said yesterday. [...] Mr. Abu Teir, who was No. 2 on the Hamas list of candidates for Wednesday's election, said introducing sharia -- a controversial moral and legal code based on the Koran -- would be the first act of the new Hamas-controlled Palestinian Legislative Council . [...] He made it clear that one way Hamas planned to encourage the next generation to follow sharia was to revamp the Palestinian education system, separating girls' and boys' classes and introducing a more Islamic curriculum

Da liberdade de expressão...

Na França, um deputado da UMP, Christian Vanneste, foi condenado por "injures homophobes" . O seu crime? Dizer, na Assembleia Nacional francesa , aquilo que pensava sobre a homossexualidade durante o debate da Loi portant la création de la haute autorité de lutte contre les discriminations et pour l'égalité : "En quoi un comportement qui peut être jugé critiquable serait-il privilégié par rapport à d'autres ? Et celui que vous visez peut légitimement faire l'objet de critiques, non seulement au nom de l'intérêt social, mais aussi au nom de l'universalité ! Un jugement de valeur est universel s'il est fondé sur l'impératif catégorique de Kant : agis toujours selon une maxime qui peut être érigée en principe universel. Manifestement, l'homosexualité ne le peut pas, à moins de vouloir le suicide de l'humanité !" [...] "C'est simplement logique ! Vous êtes en train, pour lutter contre la discrimination, de défendre une sépara

Boas notícias das Américas

Os conservadores venceram as eleições canadianas. Mesmo sem maioria absoluta, não deixa de ser uma boa notícia...

Desabafo pessoal

Parece, e caso se confirmem as projecções, que finalmente o meu voto ajudou a eleger um presidente. Esta foi a quinta eleição presidencial em participei, nas outras os eleitos foram Soares e Sampaio, mas agora parece votei no vencedor. Já era tempo... Post scriptum. Será que ter um apelido começado por "S" é o segredo para ser eleito presidente no Porutgal pós-Abril?

Declaração de voto

No domingo, votarei uma vez mais nas eleições presidenciais e, como provavelmente todos os meus habituais leitores já o saberão, o meu voto vai para Cavaco Silva. Não é, certamente, o candidato ideal, mas isto de candidatos ideais também é chão que deu uvas. Não os há (e provavelmente nunca os houve). Dos 6 candidatos, ele era o único em que eu poderia votar por várias razões. Em primeiro lugar, e de um modo mais geral, nunca votei em qualquer partido ou candidato conotado com aquilo que se diz esquerda. Particularizando um pouco mais, era impossível o meu voto nos três candidatos mais à esquerda porque eles representam (mesmo que o escondam) ideologias totalitárias. De leninistas, trotsquistas e maoístas, estejam ou não cobertos por estilo aparentemente simpático, competente ou moderno, não há muito a esperar num estado democrático. Quanto a Manuel Alegre e Mário Soares, do chamado socialismo democrático, também não tenho dúvidas em não votar neles. Em Soares, nem em 1986 nem em 1991

Epifanias e epifanias...

Como se sabe, o calendário litúrgico ortodoxo desfasado do nosso ano civil, pois a Rússia dos czares nunca aceitou o chamado calendário gregoriano (que em 1582, fez com que ao dia 4 de Outubro se seguisse o dia 15, por ordem do Papa Gregório XII), mantendo o calendário juliano até à queda da Rússia imperial (por isso que a chamada Revolução de Outubro se deu em Novembro segundo o nosso calendário). Só em 1918 a Rússia, em transformação para União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, adoptou o calendário gregoriano (mas como já tinham passado 336 anos, a diferença já era de 13 dias). Por isso, ontem, os ortodoxos celebraram a Epifania do Senhor, que para os católicos é no dia 6 (mas celebrada no Domingo que fique entre 2 e 8 de Janeiro). Só que o que motiva esta entrada não é tanto a Epifania em si, mas a notícia que a RTP-N deu sobre um banho tradicional em água gelada que alguns russos tomam nas celebrações desta festa. Só que a notícia provocou-me algum estranhamento. Porquê? Porqu

Reescrever a história

Hoje de manhã, estava a ver a informação da RTP1 quando uma das notícias era sobre Cheng Ho (ou Zengh He), um grande marinheiro chinês do séc. XV, que teria descoberto a América numa das suas viagens, sendo a prova de tal facto um mapa chinês do séc. XVIII que seria, por sua vez, uma cópia de um mapa chinês de 1418. A peça televisiva afirmava que, provavelmente, seríamos, obrigados a reescrever a história e que afinal Cristovão Colombo não descobriu a América. O modo como estava redigida a notícia irritou-me ligeiramente. Em primeiro lugar que Colombo não terá sido o primeiro navegador a chegar à América é coisa mais ou menos pacífica. Mas antes de explicar este ponto, há que clarificar algumas coisas. Em primeiro lugar, Cheng Ho foi um grande navegador, como se pode ver pelas informações veículadas aqui , aqui ou aqui . Como se pode ver, os chineses terão chegado mesmo a dobrar o Cabo da Boa Esperança bem antes de Bartolomeu Dias (1487). O livro "Os descobridores" (no ori

O aquecimento global

Como todos se lembram, nos blogs políticos, um tema que normalmente faz aquecer o debate é o do "aquecimento global". Qualquer um que ponha em dúvida a existência do "aquecimento global" (coisa que deveria ser normal, nestes 4 mil milhões de anos, a Terra já aqueceu e arrefeceu muitas vezes) e sobretudo sobre a sua origem humana é quase logo tratado como um crimonoso de guerra. No meu caso, visto que não tenho conhecimentos específicos sobre o assunto, vou tentanto informar-me, mas, logo à partida, tendo a desconfiar de teorias catatrofistas (ainda me lembro das previsões do clube de Roma no início dos anos 70 que dizia que as reservas de petróleo ser esgotariam por volta de 1990). Dito isto, vejo com alguma curiosidade que o último livro de Michael Crichton foi lançado recentemente em França com o título "Etat d'urgence". E qual é o interesse deste romance? É que ele atira-se aos ambientalistas e ao mito do "aquecimento global". Obviamente

Para que serve o Ministério da Cultura?

O Da literatura já há muito tempo que, para mim, se tornou um blog imprescindível e nem é porque concorde sempre com o que lá é escrito (basta comparar com o que eu escrevo aqui), mas é, sobretudo, por as opiniões desembaraçadas de poeira ideológica da história que, frequentemente, se pode aí ler. E para testemunhar o que digo, tem esta magnífica entrada Vingar António Ferro . Realmente ter um ministro da Cultura serve para quê? Resposta: Para distribuir uns dinheiritos aqui, outros ali; levar uns artistas a Veneza e outros a São Paulo; manter teatros e museus do Estado de porta aberta; comprar um molho de exemplares do JL para diáspora ler; patrocinar uma controversa colecção de clássicos; garantir edições avulsas na área do ensaio duro; levar escritores bestsellers a banhos; assegurar a rede de bibliotecas públicas; subvencionar o teatro independente; e o bailado e outras artes idem; criar condições de excepção para que Manoel de Oliveira continue a filmar; enfim, para cumprir tais

Para que serve o Ministério da Cultura?

O Da literatura já há muito tempo que, para mim, se tornou um blog imprescindível e nem é porque concorde sempre com o que lá é escrito (basta comparar com o que eu escrevo aqui), mas é, sobretudo, por as opiniões desembaraçadas de poeira ideológica da história que, frequentemente, se pode aí ler. E para testemunhar o que digo, tem esta magnífica entrada Vingar António Ferro .Realmente ter o um ministro da Cultura serve para quê? Resposta: Para distribuir uns dinheiritos aqui, outros ali; levar uns artistas a Veneza e outros a São Paulo; manter teatros e museus do Estado de porta aberta; comprar um molho de exemplares do JL para diáspora ler; patrocinar uma controversa colecção de clássicos; garantir edições avulsas na área do ensaio duro; levar escritores bestsellers a banhos; assegurar a rede de bibliotecas públicas; subvencionar o teatro independente; e o bailado e outras artes idem; criar condições de excepção para que Manoel de Oliveira continue a filmar; enfim, para cumprir tais

Casa Fernando Pessoa

A notícia já é de ontem, mas não queria deixar de dar os meus parabéns ao Francisco José Viegas pela sua nomeação como próximo director da Casa Fernando Pessoa. Há, todavia, na notícia da Lusa uma pequena frase que me faz alguma confusão (ou serei eu que estou a ver demais?). Nesta notícia, depois de dar alguns dados biográficos e curriculares de FJV, é dito o seguinte (destaque meu): Foi director durante 12 anos da revista Ler do Círculo de Leitores, dirigiu também a revista Grande Reportagem e apresentou programas de televisão sobre literatura. É autor de romance, conto, teatro, poesia e texto de viagem. Os seus romances inserem-se no âmbito do romance policial. E é esta última frase que me faz alguma espécie. E porquê? Por um lado, porque de todos os "géneros" mencionados, apenas o romance tem uma classificação: "policial". E as minhas dúvidas estão mesmo aqui. Haverá neste caso uma vontade de esclarecimento, de apenas dar um dado factual? E já agora, o porquê

François Mitterrand: uma lenda maior do que o homem?

Faz hoje dez anos que morreu François Mitterrand. Por França, e acessoriamente em alguns jornais portugueses também não faltam os panegíricos, vai uma grande "Mitterrandolâtrie". Por isso, talvez não seja mal ler este editorial de Alexis Brézet no Le Figaro. Balanço? Ei-lo: Car enfin, si l'on va au fond des choses, que reste-t-il, outre l'ancrage européen, du double septennat de François Mitterrand ? L'abolition de la peine de mort et la décentralisation. Des bâtiments qui, si l'on excepte l'étonnante Pyramide et la Grande Arche, se distinguent surtout par une uniforme médiocrité. Et puis quoi ? Dans l'ordre politique, nous dit-on, Mitterrand a installé l'alternance. La belle prouesse ! Il a surtout gagné les élections, et fait son nid dans les institutions. Il aurait, de surcroît, «tué» le Parti communiste. Mais le communisme est mort partout et, chez nous, à quel prix ! Le dogme de «l'union de la gauche» a enfermé le socialisme démocratique

Teorias da conspiração

No início do mês, o Karloos informou-nos sobre as Teorias da CConspiração pagas pelo Erário Público . Entretanto, recebi a revista do Círculo de Leitores , onde a páginas tantas me deparei com este "fantástico" livro Clube Bildeberg - Os senhores do mundo de um tal Daniel Estulin. Este, por sua vez, parece estar muito na crista da onda em Portugal, pois o Semanário traz uma entrevista com o autor. Mas ainda há melhor como pode comprovar-se com esta entrevista . Imaginem que até o Michael Moore faz parte da conspiração do Clube de Bildeberg para escravizar todo o mundo (pelos vistos os islamitas fanáticos têm um concorrente a nível mundial). Quando li esta entrevista pensei que estava a ler uma espécie de "Inimigo Público", mas não encontrei nada que assim o indicasse. Leiam a entrevista e ficarão informados sobre a seriedade destas teorias da conspiração. Parece que há pessoas que não podem imaginar o mundo sem poderes ocultos, sejam eles o Sábios de Sião, o Cód

O esplendor da democracia palestiniana (II)

Há quem não goste deste género de títulos, mas com notícias como esta , o que poderemos dizer? Será que a culpa é de Israel? Da ocupação israelita (só desde 1967, até lá a Faixa de Gaza foi ocupada pelo Egipto)? Nenhuma dessas explicações me satisfaz. Houve países que tiveram ocupações muitíssimo violentas, com massacres que mataram quase 1/5 da população (ex. Timor-Leste), em que a transição democrática se está a fazer de modo muito mais calmo. Bem sei que há muitas diferenças, mas se virmos a atitude dos dirigentes timorenses relativamente aos ocupantes e as dos palestinianos em relação os israelitas as diferenças são abissais. Por outro lado, há também uma grande diferença. Timor-Leste lutou pela sua independência. Conseguida esta, está vencida a guerra. No caso da Palestina, por um lado, Israel ainda ocupa parte da Cisjordânia, mas, por outro, o objectivo, confessado ou inconfessado, da maioria dos movimentos palestinianos é exterminar Israel, pelo que essa coisa de dois estados d