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A mostrar mensagens de outubro, 2004

Reforma protestante

Foi na véspera do dia de Todos os Santos de 1517 que Lutero (10/11/1483 - 18/02/1546) publicou as suas 95 teses contra as indulgências na porta da igreja do castelo de Vitermberga. Foi há 487 anos e mudou, para o bem ou para o mal, para sempre a face da Europa. A partir desse dia, Lutero começou a incompatiblizar-se com a Igreja Católica (apesar das teses expostas em si não exprimirem nenhum ponto de vista irreconciliável com as posições da Igreja), até ser condenado pela bula Exsurge domine de 15 de Junho de 1520. Aos poucos a Reforma começava a expandir-se pela Alemanha. Depois do Cisma do Oriente em 1054, que separou a Igreja Católica da Igreja Ortodoxa de Constatinopla, a Igreja Católica já tinha sofrido uma outra grande crise com o chamado Grande Cisma do Ocidente, entre 1378 e 1417. A crise foi resolvida mas a autoridade da Igreja ficou muitíssimo abalada. O poder pontifício, a organização hierárquica e os sacramentos foram postas em causa por homens como Wyclif e Jan Huss.

Turquia? Não, obrigado!

Como os meus leitores sabem, eu sou contra a Turquia na UE. Sou também da opinião de que não se deveria sequer abrir negociações tendo em vista a entrada na Turquia na UE. Há demasiadas questões políticas, culturais, religiosas, geográficas, demográficas em jogo para que o barco seja levado a bom porto. Penso mesmo que a entrada da Turquia na UE não iria aproveitar a ninguém. E, a minha posição nada tem que ver com a UE ser ou não um clube cristão, ou não. No entanto é certo que o problema da Turquia é ser um país muçulmano e de, como todos os países muçulmanos, ter problemas com islamitas que estão em guerra declarada (embora andem para aí uns idiotas que ainda não viram isso) com o Ocidente (e não só com os Estados Unidos, ao contrário do que pensam esses míopes). Dizem-me que a Turquia é um país laico. Mas depois leio notícias como esta . A Turquia é um país laico à força, Lembrem-se que 80 anos de União Soviética não conseguiu acabar com as religiões aí existentes. Mas o império

Falhanço total

Nas eleições no Kosovo, menos de 1% dos sérvios foram votar, segundo leio no Le Point . O falhanço da ONU é total. Mas ninguém vê...

Fantasmas...

Ontem, à noite, na A2, estava a dar o Clube de Jornalistas, programa que gosto de ver, quando me lembro, porque aparecem sempre por lá pessoas com opiniões pré-históricas e completamente suspensas no tempo. É uma verdadeira cápsula no tempo, faz-me voltar atrás cerca de 30 anos. Outra característica que este programa tem, é a recorrente ideia do elevado conceito que têm da profissão de jornalista, quase como se fosse um sacerdócio, ideia complementada pela noção de que actualmente, obviamente devido à influência do poder económico (esse papão!), o jornalismo em geral não tem a mesma qualidade do jornalismo de outros tempos (o mito da Idade de Ouro reciclado e adaptado). Bom, mas vamos ao que interessa e ao programa de ontem em concreto. Não o vi todo, por que me esqueci, mas ainda apanhei algumas pérolas. Um senhor, de seu nome António Rego Chaves, diz, a propósito da situação actual da comunicação social e do país, que era preciso não esquecermo-nos de que como era as coisas no

Como se alguém duvidasse disso

"La France sera toujours à vos côtés pour appuyer vos efforts en faveur d'une paix équitable et négociée", a écrit le ministre des Affaires étrangères, Michel Barnier, à Arafat. "C'est avec préoccupation et sympathie que je me tiens informé de l'évolution de votre état de santé", écrit le ministre dans ce message. "Je souhaite vous transmettre mes voeux très sincères de guérison en souhaitant que vous puissiez rapidement reprendre votre place à la tête de l'Autorité palestinienne". Deste governo francês já nada me espanta. Por isso mesmo, esta afirmação de Micher Barnier, ministro dos negócios estrangeiros francês, não me faz impressiona mesno nada. Direi eu, mais uma frase para a lamentável figurinha feita por um governo deste segundo mandato de Chirac. Mas dizer, sem se rir, que Arafat sempre procurou a paz é realmente uma idiotice. Enfim...

É preciso ter lata

Ouço na SIC-N um senhor da Associação Académica de Coimbra, vestido à vampiro, a falar de democracia. Que desaforo. É um verdadeiro paradoxo. Como podem estes senhores falarem de democracia quando, da forma mais antidemocrática possível, eles invadiam o Senado da Universidade para impedir o regular funcionamento democrático da instituição?. A estes é que falta de certeza o "calo" democrático.

Parabéns

Não queria deixar de dar parabéns ao Nuno Guerreiro e ao seu excelente Rua da Judiaria . Tenho aprendido algumas coisas que não sabia. Gratulor tibi.

Quem mentirá?

Marcelo ou Paes do Amaral?

Barroso e o Parlamento Europeu

A comissão de Durão Barroso vai a votos no Parlamento Europeu. Segundo noticia a TSF , socialistas e liberais ainda têm dúvidas no sentido de voto, mais os primeiros do que os segundos. Segundo dizem os analistas, a causa próxima da rejeição dos par(a)lamentares socialistas são as declarações do comissário Buttiglione sobre a homossexualidade e o estatuto das mulheres na sociedade. Bastaram uma afirmações fora do politicamente correcto, os media amplificam o caso distorcendo de vez em quando. E, pronto, é quanto baste para apresentar o homem como homofóbo. Por muito contestáveis que sejam as suas declarações, não vi nelas qualquer homofobia (aliás, era bom que antes de começarem a adjectivarem tudo e todos, era bom definir o conceito com um pouco mais de rigor) nelas. Há sem dúvida uma opinião baseada nas suas crenças religiosas. Mas, e daí? Todos nós temos as nossas opiniões baseadas em crenças (religiosas ou não). Será que as opiniões com base laicas são melhores, só por não são reli

Carlos Martel

Há 1272 anos, a 25 de Outubro de 732 d.C., Carlos Martel, maire du palais da decadente corte merovíngia, juntamente com o duque Eudes, que governava a Aquitânia, então um país independente do reino franco, derrotou as tropas muçulmanas de Abd el-Rahmann, governador de Espanha, entre Poitiers e Tours. Abd el-Rahmann foi morto na batalha e, no dia seguinte, as suas tropas retiraram. Esta batalha foi o ponto final da expansão do Islão para norte. A partir daí, Carlos Martel desceu para o Midi e começou a desalojar os vários chefes muçulmanos que aí se tinham instalado alguns anos antes. Esta vitória foi importante porque de facto marcou o fim da tentativa de expansão. Os muçulmanos já tinham sido derrotados em Toulouse em 9 de Junho de 721 d.C. pelo já referido duque Eudes e que solidificou a independência da Aquitânia em relação ao Reino dos Francos. Mas Eudes não se ficou por aí e fez uma aliança com Munuza, governador berbere da Septimânia que, em bora muçulmano estava em revolta contr

Legendagem

Tenho normalmente um grande apreço por aqueles que fazem tradução/legendagem de programas de televisão porque conheço as condições difíceis com que muitas vezes trabalham. Conheço pelo menos duas pessoas que fazem tradução para as televisões nacionais, conheço as suas competências e sei do que são capazes. Por isso, não sou demasiado crítico em relação a alguns erros que acontecem na legendagem de programas. Acresce ainda que sendo eu tradutor, e tendo paixão pela minha profissão, jamais gostaria de ser intérprete ou responsável por tradução/legendagem de programas. E porquê? Se há competências básicas similares, os processos são por vezes muito diferentes, requerendo também outros processos de trabalho de que eu não gosto muito. Gosto de trabalhar com textos escritos (sim, não se espantem por eu escrever "textos escritos" porque a definição de texto é algo complexa ao longo da curta história da linguística) e apenas com estes. Mas se sou tolerante com erros de decorrem das

Eleições no Kosovo

Hoje há eleições no Kosovo. Passados 5 anos sobre a vergonhosa intervenção da Nato sobre um parte integrante da República Sérvia, em nome de uma limpeza étnica inexistente (não que os sérvios fossem simpáticos com os kosovares albaneses, mas aquilo que se disse antes da guerra era uma propalada mentira), a limpeza étnica esta feita. Neste momento só 80000 sérvios vivem no Kosovo, centenas de igrejas e mosteiros cristãos, que nem os turcos otomanos incendiaram, tendo dezenas de milhar fugido de lá. A política unilateral americana do mui amado Clinton criou um problema maior do qua havia antes. Nessa altura, ninguém na Europa se preocupou com a legalidade internacional, nem com a opinião da ONU. O caso é que passado 5 anos, vamos ter uma palhaçada de eleições, sabe-se lá para quê, porque a comunidade internacional não sabe o que fazer com aquilo: o protectorado vai-se manter? por quando tempo mais? Dar independência? E amputar um estado soberano? Miser Kosovo!

Leitura indispensável

Como habitualmente às sextas, não posso deixar de recomendar a leitura de Le Bloc-Notes de Ivan Rioufol no Le Figaro . Destaco dois assuntos: o movimento antiglobalização e a tentanção penal para condenar o anti-semitismo. L'épuisement altermondialiste La droite cessera-elle un jour d'avoir peur de son ombre ? L'année dernière, elle multipliait les clins d'oeil aux altermondialistes, qui tenaient leur forum social européen à Saint-Denis. «Devenir altermondialiste, pourquoi pas ?», lançait Alain Juppé, heureux de cet autoportrait si peu bourgeois, tandis que Jean-Pierre Raffarin, bonhomme, saluait les militants «avec bonne humeur» et que François Bayrou, inspiré, y voyait «un mouvement important qui est en train de naître». Un an après, qu'a-t-on vu de son rassemblement, qui s'est clos le week-end dernier à Londres ? Un mouvement déjà à bout de souffle, ratiocinant sur son anti-impérialisme, son antilibéralisme, son antisionisme et n'arrivant pas à faire tai

Já diziam os latinos

" primum uiuere, deinde philosophari " É de facto um preceito sensato. Assegurar os seus meios de subsistência em primeiro lugar (viver primeiro) e, só depois, então, filosofar. É um pouco o que me vai acontecer nos próximos tempos. A tradução de um livro com cerca de 500 páginas vai-me manter ocupado durante uns tempos. Não tanto como aquilo que seria necessário (as traduções técnicas são sempre para ontem). Como perceberam trata-se de um livro técnico, não de um de literatura. Perguntam-me, por vezes, porque não traduzo literatura. Bem, há pelo menos duas razões: 1) ninguém mo pediu; 2) a tradução técnica paga melhor. Quando às vezes digo isto, as pessoas ficam um pouco espantadas, pois obviamente não sabem muito bem como estas coisas funcionam. Para muita gente, tradutor sério e respeitado é aqueles que traduz literatura. Os outros, os tradutores técnicos (chamemos-lhe assim), não lhes merecem o mesmo respeito, pois afinal traduzir manuais ou outras coisas não é propriamen

Estou espantado...

Segundo esta notícia , a polícia impediu os estudantes de invadirem a reunião do Senado da Universidade de Coimbra. Será que a lei vai entrar nas universidades? Já era um começo (a seguir podiam tratar do assunto da praxe).

Da utilidade da praxe universitária

Este blog, nos últimos dois dias, tem andado um pouco abandonado porque tenho que uma tradução grande para fazer com uma complexidade técnica bastante elevada. E como para traduzir não basta saber línguas (quem pensar isso nunca será um grande tradutor), necessitei de procurar informação técnica pormenoriza junto de quem sabe e também onde se encontra literatura técnica adequada. Por isso, nestes últimos dois dias tenho passado o tempo na Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP). E por ter passado por lá tantas horas, pude observar alguns hábitos praxísticos lá daquela gente. Desde já digo que, enquanto estudante, fui sempre contra a praxe, não praxei nem fui praxado, não trajei à estudante (para ter uma farda bastou-me andar 16 meses no Exército), nunca participei na Semana da Queima, etc., etc., etc... e não me arrependo nada por isso. E nem por isso fui anti-social, pois criei amizades que ainda perduram actualmente. Vem isto a propósito de que quando estava eu na biblioteca da FEUP,

Pela última vez...

vou falar do Benfica-Porto. Será que o Benfica não conhece os limites do ridículo ? Pobre país o nosso...

Roubados dizem eles

Os desgraçadinhos da 2.º Circular (lado vermelho) dizem que foram roubados no jogo com o Porto. Talvez... não vi o jogo, nada posso dizer sobre o assunto. Mas o espectáculo dado pelos dirigentes - especialmente os do Benfica - depois do jogo foi tudo menos edificante. Todos as semanas há equipas que são "roubadas" pelos árbitros, sendo o Benfica muitas vezes o beneficiado, e, excepção feita a alguns mais exaltados, não se vêem espectáculos tão indecorosos como o de ontem. Parece-me que o início do campeonato fez mal ao Benfica, mas, como eu disse então, o Campeonato não acabava à 4.ª jornada. Não vou fazer sermões moralistas dizendo que este jogo mostrou bem a qualidade do dirigismo desportivo nacional. Sou desejo anotar que o espectáculo foi mau de mais para ser verdade. Golos não validados já houve muitos (há uns anos, não muitos, o Benfica até teve um golo validado que nem sequer tinha entrado), penaltis e supostos penaltis por marcar são uma farturinha, etc., etc. etc...

Iraniana de 13 anos condenada à morte

O regime teocrático iraniano está cada vez pior. Se há relativamente pouco tempo havia esperanças de que os moderados conseguissem de algum modo suavizar o clima de opressão, nos últimos tempos os conservadores têm conseguido impor a sua lei (ver o que se passou nas últimas eleições iranianas). Agora, leio a notícia de uma iraniana de 13 anos foi condenada à morte por lapidação por ter tido relações sexuais com o seu irmão de 12 que, por sua vez, foi condenado a receber 180 chibatadas, sendo ambas as condenações decretadas de acordo com a charia . Quando é que vamos deixar de receber notícias deste género.

Imparcialidade novamente (parte II)

O Terras do Nunca decidiu responder ao meu artigo de ontem acusando-me de me arvorar em " detentor da verdade, quando tudo o que escreveu é de uma enorme subjectividade ". É claro que quem me lê com frequência jamais me poderia acusar de querer ser detentor de verdade, (para além de a definição de "verdade" ser um poucochinho complicada, pelo menos desde Aristóteles). Limito-me a analisar as coisas pela minha cabeça segundo a informação que consigo recolher. Quanto à "enorme subjectividade", bem, aí estamos de acordo, porque eu não me escondo por trás de uma suposta "isenção", "imparcialidade" ou "objectividade" ao contrário do que faz grande parte dos jornalistas, como se pudessem planar acima do mundo onde vivem e não tivessem nada que ver com ele. Se o JMF não é um defensor da "objectividade jornalística", fico contente, pois é evidente que esta não passa de um mito. E, mais, uma vez tem razão em afirmar que a

Companhias pouco recomendáveis

Por estes dias está a decorrer o Forum Social Europeu, este ano, em Londres. Mais uma vez, os movimentos antiglobalização disseram ter como convidados vários islamitas, como se o seu combate fosse o mesmo. Pobres diabos, não perceberam mesmo nada de nada. Mas nem todos os que pertencem a esse movimento estão de olhos tapados. Dominique Topo publicou no Libération de 14 de Outubro as razões pelas quais o S.O.S. Racisme francês não iria participar no forum (via Proche-Orient.info : L'altermondialisme a, dès son émergence, suscité chez moi une profonde sympathie. Il était un mouvement généreux, capable de renouer avec de grandes mobilisations fondées sur des bases progressistes. Mais, depuis plusieurs mois, SOS Racisme a été amené à prendre ses distances. Lors du Forum social européen (FSE) de 2003 en France, nous fûmes à deux doigts de refuser de participer aux débats en raison d'un manque de clarté sur les questions d'antisémitisme et de l'invitation de Tariq Ramadan, in

Imparcialidade novamente

Ontem, pela primeira vez, tive oportunidade de ver na íntegra um debate mensal parlamentar com o governo. Pude por isso tirar as minhas próprias conclusões de como correu o debate, não me esquecendo que a minha condição de militante do PSD poder influenciar a minha apreciação. Mas, em geral, não tendo sido brilhante, não desgostei de Santana Lopes e quanto a oposição esteve como se esperava. Tal como, Bettencourt Resendes disse na SIC-N, penso que Santana Lopes venceu o debate em geral (embora tivesse deixado algumas perguntas por responder), até porque o formato do debate dá sempre vantagem ao governo, não houve KO de nenhum partido, enfim, podemos dizer, não correu muito mal. Por outro lado, compreendo a dificuldade que este debate engulhos em alguns comentadores (p.ex. António José Teixeira) pois como Santana não se perdeu nos dossiers, como eles esperavam, tiveram que reconhecer que ele até não se saiu mal. Mas, hoje leio o Destaque de hoje no Público da autoria de São José Almei

Le bloc-note d'Ivan Rioufol

Os meus leitores do gosto que tenho em ler Ivan Rioufol à sexta-feira no Le Figaro . Esta semana não é excepção e a sua coluna de hoje Le bloc-notes é altamente recomendável. Mais uma vez o debate sobre a Turquia está na ordem do dia. Em França, este tema é um tema quente, com debates muito acesos, e que divide largamente os políticos e o homem da rua. Eis o que Rioufol diz sobre o tema (destaques meus): Fronde contre la pensée unique Bonne nouvelle : la pensée unique a du plomb dans l'aile, grâce à la Turquie. Certes, la moutonnerie a encore de beaux jours en France : il suffit d'entrer dans une librairie pour s'en persuader, devant la somme de livres accablant Bush et les néoconservateurs comparé à la rareté de ceux dénonçant Ben Laden et sa barbarie. Plus généralement, il demeure ardu d'aller à contre-courant du conformisme qui impose à tous le respect des tabous et des sens interdits. Néanmoins, une fronde naissante est peut-être en train d'ébranler ces consen

Imparcialidade

Se há coisa que me irrita é os jornalistas, quando reflectem sobre a sua profissão, estarem sempre a falar em imparcialidade e objectividade. Em primeiro lugar, porque são qualidades que não existem em estado puro, pois toda a gente tem a sua visão das coisas e, por muito racional que tente ser, sofre sempre influência das suas crenças, ideias, ideologia ou, pura e simplesmente, preferências. Mas se estas qualidades não podem ser absolutas, pode-se tentar ser o mais justo e equilibrado possível e, sobretudo, não torcer propositadamente aquilo que é evidente. E, normalmente, os jornalistas que mais falam em imparcialidade e objectividade são aqueles que mais praticam o enviesamento noticioso (favorável geralmente à esquerda). Vem isto a propósito de uma notícia que li no Libération de hoje, que tem o seguinte título: Les socialistes européens pour le comissaire homophobe Ora, o jornalista assume, logo no título, que o futuro comissário Buttiglione é "homófobo". E o início da

Aborto

Segundo notícia do The Sunday Telegraph de que o ABC faz eco, mais de mil mulheres britânicas vão a Barcelona fazer abortos tardios (para além das 24 semanas de gestação), não sofrendo o feto qualquer má-formação nem estando a saúde da mãe em risco. Este tipo de aborto é ilegal na Grã-Bretanha - e também na Espanha -, mas a clínica socorre-se das facilidades da lei espanhola e falsifica as declarações. Será que os defensores do aborto estão todos de acordo com estes abortos tardios? Será que um feto de 30 semanas não será já um ser completo e que se nascer prematuramente não será capaz de sobreviver sem grandes problemas? É que isto vai contra alguns argumentos que ouvi de alguns defensores de aborto livre até às 10/12 semanas. Ou será que, no fundo, acham que a mulher tem direito sobre o seu próprio corpo em qualquer altura da gestação? Ainda haverá quem pense que a lei espanhola é boa, quando acaba por ser de facto, não de iure, mais permissiva do que as leis de um país como a Grã-B

Terão o mesmo consultor económico?

Berlusconi anuncia uma diminuição de impostos . Como em Portugal, a Itália também tem uma elevada despesa pública. Também como nós, Berlusconi vai tentar combinar despesa pública com baixa de impostos.

Liberdade de expressão

Em Portugal muito se tem falado de putativas ameaças à liberdade de expressão, mas é óbvio que eu não acredito nisso. As choraminguices sobre a interferência do poder económico nos media é pura conversa fiada. Provavelmente, alguns jornalistas estão saudosos das interferências do Estado quando muito destes órgãos pertenciam a esse mesmo Estado. Aí, seriam livres os jornalistas? Por outro lado, há para aí um mito sobre um passado mítico de ouro do jornalismo. Mas será que ele alguma vez existiu? Enfim, esta introdução foi só para falar de outras ameaças, estas sim verdadeiras, como o recurso aos tribunais para calar aqueles que não juram pelo credo do politicamente correcto e das causas ditas "progressistas". Certos conceitos como "islamofobia", "racismo" e "homofobia" têm ajudado a tentar calar as opiniões desalinhadas, pois a maioria não quer parecer nem islamófobo, nem racista, nem homófobo. E uma estratégia muito utilizada por certos lobbies

Pensamento único no Parlamento Europeu

Rocco Buttiglione é mal-amado no Parlamento Europeu e por isso recebeu um duplo chumbo . Isto de não ser politicamente correcto e não dizer as coisas supostamente progressistas tem custos. Diversidade de opinião é coisa que a esquerda não gosta. Enfim, nada de que não se estivesse à espera.

Afeganistão

Independentemente das vicissitudes do processo eleitoral, as eleições no Afeganistão correram até muito bem. Os talibãs não conseguiram transformar o dia das eleições num "banho de sangue" e as votações, para além de pequenos problemas (para quem nunca votou), decorreram numa certa normalidade. As alegações de fraude serão investigadas, o que também é bom que aconteça. É óbvio que o Afeganistão não se transformou num paraíso desde a queda do regime talibã, mas deu passos significativos na direcção correcta. Vamos lá ver como as coisas continuam.

Inimputável

Ouço na RTP, Francisco Louçã, durante um comício na Madeira, aliás escassamente participado, que "não temos ministros que nos governam, mas ministros que se governam" (cito de memória, mas o sentido é este). Se não fosse triste, era no mínimo grave. O que Louçã diz é que todos, mas mesmo todos, os ministros estão lá para se governar à conta do Estado, sendo por isso desonestos. Ou seja, são todos uma espécie de Verres, administrador romano corrupto a quem Cícero dedicou as verrinas. Louçã, armado em Cícero moderno (mas sem o talento do original), vem acusar o governo de se governar. Claro, sem apresentar a mínima prova, coisa em que ele é useiro e vezeiro. Para o BE e o seu insuportável líder, todos os outros não têm qualquer moralidade. Apenas eles são impolutos e acima de qualquer suspeita. Provavelmente, num país a sério, Louçã teria que provar que todos os ministros deste governo se governavam enquanto exerciam o poder. Assim, num país destes, só posso concluir que Louçã