Imparcialidade

Se há coisa que me irrita é os jornalistas, quando reflectem sobre a sua profissão, estarem sempre a falar em imparcialidade e objectividade. Em primeiro lugar, porque são qualidades que não existem em estado puro, pois toda a gente tem a sua visão das coisas e, por muito racional que tente ser, sofre sempre influência das suas crenças, ideias, ideologia ou, pura e simplesmente, preferências.

Mas se estas qualidades não podem ser absolutas, pode-se tentar ser o mais justo e equilibrado possível e, sobretudo, não torcer propositadamente aquilo que é evidente. E, normalmente, os jornalistas que mais falam em imparcialidade e objectividade são aqueles que mais praticam o enviesamento noticioso (favorável geralmente à esquerda).

Vem isto a propósito de uma notícia que li no Libération de hoje, que tem o seguinte título:

Les socialistes européens pour le comissaire homophobe

Ora, o jornalista assume, logo no título, que o futuro comissário Buttiglione é "homófobo". E o início da notícia também vai no mesmo caminho:

Les socialistes européens sont prêts à passer l'éponge sur les propos homophobes de l'Italien Rocco Buttiglione, le futur commissaire européen chargé de la Justice et des Affaires italiennes (...).

Ou seja, o facto das afirmações do futuro comissário não alinharem nos cânones do politicamente correcto e do pensamento único faz com que sejam logo marcadas como o carimbo de "homofóbico" e o homem de "homófobo". A diversidade de opiniões não é sequer considerada. Não, tem que se seguir a cartilha, senão apanha-se logo com um rótulo ignominioso. É uma estratégia conhecida destes patrulheiros ideológicos que querem controlar o pensamento através da linguagem, impendindo a troca e o debate de ideias.

E o jornalista, neste caso, segue obedientemente a cartilha da ditadura PC.

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