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A mostrar mensagens de março, 2005

Fim, pelo menos por enquanto...

A minha crescente falta de tempo não podia deixar de ter como consequência um certo abandono do blogue como se verificou nos últimos dias. Ora, eu entendo que num blogue individual é absolutamente necessário publicar diariamente ou quase sempre diariamente e isso muito dificilmente acontecerá nos próximos tempos. Por esse motivo, tomei a difícil decisão de suspender este blogue. De qualquer forma esta decisão não marca o meu abandono da blogosfera, visto que continuarei a escrever n' O Insurgente e, a outro nível, no meu outro blogue Humanae Litterae , onde espero publicar, pelo menos semanalmente, alguns artigos que estão em preparação. A todos os que me visitam, obrigado. Continuaremos a nos vermos (lermos)...

Estado de graça

Segundo a TSF os portugueses estão satisfeitos com José Sócrates e, segundo Miguel Coutinho, ouvido pela TSF, o governo está em estado de graça. Que o governo esteja em estado de graça por parte da população, parece-me absolutamente normal. Afinal foi o povo que lhe deu a maioria absoluta e, por outro lado, o governo até agora também ainda não teve tempo para fazer fosse o que fosse. Só espero é que o estado de graça dado pelo povo não se estenda também à comunicação social. Não que advogue comportamentos agressivos como aquele que os media tiveram em relação a Santana Lopes (apesar deste ter potenciado este comportamento com alguns erros). Espero é que a comunicação social não comece a deixar passar, ou branquear, situações que, se fossem com o PSD, era motivo para desatarem para aí aos gritos estridentes. Bem, mas se isso acontecer, para isso estão cá os blogs.

Impropérios de Sexta-Feira Santa

V/. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo contristavi te? Responde mihi. V/. Quia eduxi te de terra Aegypti, parasti crucem Salvatori tuo. C/. Agios o Theos! Sanctus Deus! Agios ischyros! Sanctus fortis! Agios athanatos, eleison ymas. Sanctus immortalis, miserere nobis. V/. Quia eduxi te per desertum quadraginta annis, et manna cibavi te, et introduxi te in terram satis bonam: parasti Crucem Salvatori tuo. C/. Agios o Theos! V/. Quid ultra debui facere tibi, et non feci? Ego quidem plantavi te vineam meam speciosissimam: et tu facta es mihi nimis amara: aceto namque sitim meam potasti: et lancea perforasti latus Salvatori tuo. C/. Agios o Theos! V/. Ego propter te flagellavi Aegyptum cum primogenitus suis: et tu me flagellatum tradidisti. R/. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo contristavi te? Responde mihi. V/. Ego eduxi te de Aegypto, demerso Pharaone in Mare Rubrum: et tu me tradidisti principibus sacerdotum. R/. Popule meus. V/. Ego ante t

Devagar, devagarinho...

...mas não parado é como anda este blogue ultimamente. A culpa é do trabalho que não me larga (e ainda bem). Mas, prometo, logo que possa, vou voltar a publicar qualquer coisinha com maior regularidade. No entanto, não quero deixar de notar que o país parece continuar numa espécie de "estado em suspensão". Aparentemente, nada se mexe, nada se passa no país. Espero que seja apenas um impressão minha.

Ambicioso e entusiasmante?

David Pontes, director-adjunto do Jornal de Notícias , escreve na secção "Fio de terra" (sem ligação): Não vale a pena estarmos com meias-medidas: o texto de 20 páginas que José Sócrates leu ontem no Parlamento é um ambicioso e entusiasmante programa de Governo. Ambicioso, porque traça metas bem definidas para tarefas difíceis. Entusiasmante, porque depois de mais de dois anos em que o discurso dominante foi de recriminação do passado e de contenção no presente, as palavaras (sic) de Sócrates vêm cheias de futuro. Deixando passar o tom panegírico que vem sido habitual na imprensa acerca do governo de Sócrates, eu que ouvi, isto é, que me dei ao trabalho de ouvir um longo e chato discurso pronunciado por Sócrates, não me dei conta destas duas características. Defeito meu? Má-vontade minha em relação ao homem? Talvez. De facto, Sócrates enunciou uma data de coisas, com uns sound-bytes pelo caminho (as férias judiciais, por exemplo), mas nem uma palavra sobre como conseguir os

Afinal...

... os homens são melhores condutores do que as mulheres.

Ode da Primavera

Foram-se as neves e aos campos já a relva regressa e às árvores a folhagem; a terra muda a sua face, e, deixando as margens, os rios decrescem. Uma Graça mais as duas irmãs, nuas, ousam dançar com as Ninfas. Não esperes pela imortalidade, adverte-te o ano e a hora que arrebata o dia criador. Ao sopro dos Zéfiros, abranda o frio; à Primavera sucede o Verão parecedouro, e logo o copioso Outono espalhará seus frutos; de seguida a bruma inerte regressa. Porém o suceder das Luas depressa repara os danos vindos do céu. Mas nós, logo que tombamos no lugar onde está o piedoso Eneias, o opulento Tulo e Anco, mais não somos do que pó e sombra. Quem sabe se à soma dos dias de hoje juntarão os deuses supernos as horas de amanhã? Das mãos ávidas do teu herdeiro se escaparão todos os bens com que o teu ânimo regalaste. Uma vez morto

Em defesa do "Velho do Restelo"

No meu outro blogue, Humanae Litterae publiquei a entrada Em defesa do "Velho do Restelo" , que fora publicada, em primeira mão, no O Insurgente .

Um artigo esclarecedor

Via Political Correctness Watch cheguei à leitura deste artigo que fornece, talvez, argumentos mais do que irrefutáveis para recusar a ideia de institucionalização do "same-sex marriage". Bem sei que o problema ainda não se pôs em Portugal, mas não tardará muito... Como diz o autor, não está em causa uma questão de direitos do hmossexuais, mas uma tentativa de modificar completamente a noção tradicional de casamento de modo a fazer com que ela pareça algo de completa impensável e politicamente incorrecta.

Feminismo e ciência: incompatíveis? - parte II

Na sequência desta minha entrada Feminismo e ciência incompatíveis? , aconselho a leitura deste artigo que põe, nesta questão, os pontos nos ii. Pelos vistos ainda há esperança. A defesa dos direitos da mulher, como por exemplo a sua não discriminação, não tem que ser incompatível com a ciência. Ainda bem. O problema é que há muita gente, neste campo, sobrepõe a ideologia à ciência.

Camilo de Castelo Branco (1825-1890)

Passaram ontem 180 anos do nascimento de Camilo de Castelo Branco. Por impossibilidade de tempo, devido a trabalho, não pude colocar ontem uma entrada a assinalar a efeméride, acto totalmente justificado pela importtância de Camilo na história da literatura portuguesa do séc. XIX. Por isso, embora com um dia de atraso, publiquei no meu outro blog, Humanae Litterae uma pequena nota de comemoração da efeméride.

Os idos de Março

Segundo nos diz a História, foi a 15 de Março de 44 a.C., que C. Iulius Caesar, mais conhecido em português como Gaio Júlio César, foi assassinado no Senado Romano. Grande general e político de Roma, mas também um bom escritor, o seu De bello gallico (A guerra da Gália) é um clássico da literatura latina, tinha uma ambição de poder desmedida que chocou com aqueles que ainda sonhavam com uma República oligárquica. Cícero no seu tratado De Re publica , escrito em 51 a.C., tinha escrito, a propósito do sistema político, o seguinte: Passados então esses duzentos e quarenta anos de realeza (ou um pouco mais, com os interregnos), de depois da expulsão de Tarquínio, foi tal o ódio que o povo romano tomou ao título de rei, quanto a saudade que sentira depois da morte, ou melhor, da partida de Rómulo. De tal modo que, tal como então não poderia estar privado de um rei, após a expulsão de Tarquínio, não podia ouvir o nome de rei. ( A República II.30.52, trad. de Maria Helena da Rocha Pereira)

A Lei é para os dois lados...

Como toda a gente sabe, a França tem uma lei de separação da Igreja do Estado faz este ano, precisamente, 100 anos. Uma lei que atingiria em primeiro grau a Igreja Católica, mas que, por um lado, devido à resistência passiva (e por vezes activa) dos católicos, por uma implementação que embora dolorosa não foi demasiado rigorosa (a Igreja Católica está associada numa única associação cultual e não em milhares de associações cultuais correspondentes às antigas paróquias como queria a lei), acabou por beneficiar a Igreja por livrou-a dos encargos com a manutenção das igrejas e edifícios construídos antes de 1905, ao mesmo tempo que mantinha o usufruto de quase todos eles. Fazendo aqui um pequeno parênteses, a nossa lei de separação da igreja e do estado de 1911, em muitos pontos decalcada da lei francesa, foi aplicada (ou tentou ser) com muito menos flexibilidade e, como seria de esperar, acabou por dar maus resultados. A oposição que os jacobinos republicanos fizeram à Igreja foi mais um

Feminismo e ciência: incompatíveis?

Já por várias vezes pensei abordar aqui o caso de Larry Summers, presidente de Harvard, e dos problemas em que se meteu por ter considerado, com base em estudos científicos, que as diferenças entre os cérebros masculinos e femininos poderia justificar a disparidade de entre homens e mulheres em áreas como as ciências ou a matemática. Foi quanto bastou para o feminismo radical, dentro da sua própria universidade, lhe caísse em cima e o obrigasse, lamentavelmente, a escrever uma carta de retractação. Mas, se eu não tive tempo para escrever sobre o assunto, sempre posso recomendar esta excelente entrada n' O Insurgente . De facto, parece que feminismo e ciência são incompatíveis. Post scriptum. Para além deste caso, ler também este outro caso desta vez passado na Suécia. Deixem-me só transcrever o início desta entrada no Secular Blasphemy : Columnist Carl Hamilton in Aftonbladet writes about a very troubling conflict between science and politics in Sweden. My translation: The gov

Porto, 0 - Nacional, 4

Já não me lembrava de ver o Porto perder por 4 em casa. A última vez de que me lembro disso, foi algures nos anos 70, em que o Porto foi derrotado por 0-4 pelo Belenenses no Estádio das Antas. Agora, cerca de 30 anos depois, voltou a acontecer. Se há alguém culpado da situação, não é certamente o Couceiro, nem sequer os jogadores. É obviamente a administração da SAD, com Pinto da Costa à cabeça, que não soube gerir o pós-Mourinho e destruiu, alegremente, a equipa. Enfim, e apesar de tudo ainda podemos vencer o Campeonato... Post-scriptum. O resultado com o Belenenses foi na época 1974/75.

A islamização da escola republicana em França

Para não estar a escrever as mesmas coisas duas vezes seguidas, ler a minha entrada com o título acima n' O Insurgente .

Organizem-se

Ao que parece o ex e futuro primeiro-ministro do Líbano vai voltar a formar governo. Mas não é da situação libanesa que eu quero falar. É de uma coisa que por vezes irrita. Se já estiveram atentos, o nome do senhor tanto aparece escrito Karami como Karame. Porquê? A explicação é simples. Se a fonte da notícia portuguesa veio em língua inglesa, então é Karami. Se veio em francês, então é Karame (os franceses até escrevem Karamé). Não há ninguém em Portugal, nos media , que conheça arabistas que possam fazerm a transcrição correcta para português? Senão continuamos a ver também coisas como Al-Jazeera ou Al-Jazira e muitos outras coisas. Caramba, até parece que no séc. XV havia mais gente a saber árabe em Portugal do que agora.

A ler...

André Glucksmann sobre o assassinato de Maskhadov na Chechénia por parte dos russos.

Cadeados e não só!

Parece que os alunos da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa fecharam-na a cadeado até que sejam atendidas as pretensões inscritas no caderno reivindicativo. Sinceramente não sei o que eles estão a reinvindicar, pois nas televisões o que vi foi um estudante a protestar contra a impossibilidade dos alunos repetentes assistirem às aulas práticas (assunto em que não posso dar a minha opinião) e ainda contra a redução do calendário de exames de 1 mês para quinze dias, fazendo com que, entre alguns exames, haja apenas 48 horas de intervalo. Não conheço as dificuldades do curso de Direito, nem as práticas avaliativas que lá se fazem, mas, assim para quem está no exterior, 48 horas de intervalo entre exames não parece nada mal. Já não me lembro quantos dias de intervalos tinha para as minhas frequências na FLUP, mas, lembro-me, perfeitamente que, cheguei a fazer duas frequências no mesmo dia e sem possibilidade de reclamar, pois como pertenciam a anos diferentes não tinham que resp

Desenvolvimentos no Kosovo

Aos poucos o TPI para a ex-Jugoslávia está a chegar a outros possíveis criminosos de guerra que não apenas sérvios ou, em menor grau, croatas. Há pouco tempo foi um general bósnio muçulmano, agora é o primeiro-ministro do Kosovo, pelo que fez enquanto líder do UÇK. Realmente é preciso ver o que se passou, pois se a NATO interveio para acabar com uma limpeza étnica, que se veio depois a provar sobre-inflancionada, o que se passou depois de 1999, foi uma verdadeira limpeza étnica feita pelos muçulmanos contra todas as outras minorias, sérvios à cabeça. É que, neste caso, os conflito não era entre sérvios-maus e kosovares albaneses-bons, como agora muita gente vai começando a ver. Por outro lado, a intervenção da NATO nada resolveu e a situação eterniza-se. Mas, para muita gente que pensa que a única intervenção sem aval da ONU má foi a invasão do Iraque. Será que a diferença está entre uma ser feita pelo Clinton e a outra pelo Bush? Claro que não, mas parece. Post scriptum . O modo co

Resistência?

Que raio de resistência é esta que assassina o povo que diz querer libertar?

O mito da Islamofobia

Através do sítio Observatoire du Communautarisme , cheguei a este artigo de Kenan Malik (esta ligação leva ao próprio sítio de Malik em que o ensaio tem uma versão mais longa do que aquela publicada na revista Prospect). Cito o resumo do artigo da Prospect: If there is a backlash against British Muslims, where is the evidence for it? Scaremongering about Islamophobia promotes a Muslim victim culture and allows some community leaders to inflame a sense of injury while suppressing internal debate. The new religious hatred law will make matters worse Já aqui referi por várias vezes que os líderes comunitaristas no Ocidente utilizam conceitos como racismo, discriminação, etc., para manterem o poder sobre as comunidades que supostamente representam, ao mesmo tempo que suprimem o debate interno. De qualquer forma o artigo é bem interessante e merece ser lido.

Novo governo

Já temos governo e 6 em 16 dos novos ministros são reciclados do guterrismo. Não que isso só por si queira dizer alguma coisa, mas, por exemplo, Alberto Costa no MAI foi um erro de casting de Guterres. Será que na Justiça será melhor? Por outro lado, Freitas do Amaral nos Negócios Estrangeiros não é muito espantoso. Alguém cobrou algo a alguém e o resultado aqui está. Não há muito mais a comentar. Na Cultura, está uma pessoa que foi minha professora na Faculdade de Letras, Isabel Pires de Lima. Não me posso queixar da nota que me deu, embora abaixo da minha média de fim de curso (também não me esforcei demasiado, o séc. XIX não é o meu preferido). De Literatura ela percebe, como ministra não sei... veremos como se sai. De resto, o governo não me aquece nem arrefece, esperemos. Post scriptum. O facto de Vitorino não fazer parte do governo, nem sequer é surpresa. Penso que já toda a gente esperava isso.

Taça de Portugal

Pelo que vi ontem, a Taça de Portugal já tem dono, o Benfica está a ser levado convenientemente ao colo (vejam lá, nada de interpretações maldosas). Enfim, anda aí muita gente com saudades do Portugal de antanho.

Um olhar exterior

Num interessante artigo sobre a questão de Bolonha , num dos comentários, o Carlos mencionou e deu o endereço para a comunicação de um professor visitante norte-americano do IST, que depois de alguns anos de ensino em Portugal, fez esta comunicação em que se propôs apresentar: (...) certain controversial ideas and suggestions whose purpose is to help strengthen the ability of Portuguese universities to carry out firs-rate research in the engineering and technology international arena, and to increase the visibility of Portuguese researchers and their institutions among their international peers . Não estou de acordo com muito do que ele diz, mas certo é que ele toca em alguns pontos fundamentais que tornam as universidades portugueses extremamente estáticas, para além de prolongar, no tempo, os seus principais defeitos (por exemplo, a composição do corpo docente). Também de notar que este professor não caustica demasiado os alunos, vendo-os antes como vítimas do próprio sistema de e

Pergunta indiscreta

O Sócrates anda a formar governo no silêncio dos gabinetes ou será que não tem ninguém que aceite os convites (para além daqueles que estão dispostos a aceitar, mas que ninguém os quer)? É que não adianta andar a dizer que com a Constituição é tudo muito demorado, para depois passada semana e meia das eleições ainda não haver governo. Lembram-se da pressa com que os jornalistas queriam que Santana Lopes formasse governo? Cá para mim o Sócrates parece-me que desapareceu em (pós-)combate.

Dieudonné e a liberdade de expressão

A Ana interroga-se neste artigo : " Deve dar-se a palavra a Dieudonné ?". Para aqueles que não conhecem bem a questão de que a Ana fala, posso-lhes dizer que ela ganhou visibilidade com um sketch de muito gosto protagonizado por Dieudonné num programa de Marc-Olivier Fogiel chamado One ne peut pas plaire a tout le monde , na France 3, a 1 de Dezembro de 2003 (salvo erro), onde disse, por exemplo, entre outras coisas, o seguinte: J'encourage les jeunes gens qui nous regardent aujourd'hui dans les cités, pour leur dire: convertissez-vous comme moi, essayez de vous ressaisir, rejoignez l'axe du bien, l'axe américano-sioniste . Isto vestido de rabino e onde fez também uma saudação hitleriana de braço e gritando: Israel. Depois desse programa, Dieudonné entrou em plena derrapagem racional que o levou a proferir algumas declarações perfeitamente idiotas em Argel em Fevereiro deste ano. Um resumo desta caso pode ser encontrado aqui . Pergunta a Ana se se deve defend

Parabéns

O Blasfémias faz um ano. Nem preciso dizer que se trata de um dos meus blogues preferidos, penso eu. Por isso, só espero que continuem a travar este bom combate.