O fim do mito
Há 15 anos atrás, o mito comunista afundou-se (melhor, começou a afundar-se). A queda do muro de Berlim na noite de 9 para 10 de Dezembro de 1989 é sem dúvida um dos acontecimentos que reterei sempre na memória.
A crise estava anunciada com a fuga de alemães orientais através da então Checoslováquia e da Hungria para o Ocidente. A sociedade da República Democrática Alemã (ou Deutsche Demokratische Republik) - quantos estudantes de hoje saberão o que significa RDA, DDR e, já agora, URSS? - estava a movimentar-se e a exigir mais liberdade
O governo da Alemanha Oriental perdeu o controlo e sem que conseguisse reagir viu os seus cidadãos forçarem o muro perante guardas completamente atónitos ou sem saber o que fazer.
Para quem, como eu, tinha visto o auge do comunismo nos anos 70, que parecia uma força invencível - lembre-se que em 1975 Saigão caíra e que o Cambodja também ficava sob domínio dos kmhers vermelhos -, que os EUA estavam a perder o rumo com a administração ruinosa de Jimmy Carter (concorrente favorito ao concurso de pior presidente dos EUA de sempre) e a Europa Ocidental em tergiversões como a Ostpolitik de Willy Brandt, a noite do dia 9 de Novembro foi absolutamente fabulosa. The writing was on the wall e foi o início do fim para uma ideologia messiânica terrena que matou milhões de pessoas.
Bem sei que ainda há regimes (mais ou menos) comunistas na China, Coreia do Norte, Cuba, Vietname e Cambodja. Mas já não são vistos como "sol da terra" (na imortais palavras de Álvaro Cunhal), antes como bizarrias que durarão mais ou menos tempo de acordo com as debilidades específicas de cada regime.
Todavia, há também algo que me lembra desta crise na Alemanha Oriental. É um comentário que esse grande especialista em assuntos internacionais chamado José Goulão fez quando, durante este período de crise, lhe perguntaram qual o futuro da RDA (é preciso não esquecer que a reunificação só se fez constitucionalmente em 3 de Outubro de 1990) e ele respondeu que a RDA nunca se iria integrar na RFA (República Federal Alemã ou Bundersrepublik Deutschland - BRD), pois com os seus 40 anos de história tinha criado uma mentalidade de independência em relação aos seus vizinhos ocidentais. Viu-se...
Desde esse dia, ouço todos os "soi-disant" especialistas com um pé atrás (nunca sabemos quando nos sai um outro Goulão).
A crise estava anunciada com a fuga de alemães orientais através da então Checoslováquia e da Hungria para o Ocidente. A sociedade da República Democrática Alemã (ou Deutsche Demokratische Republik) - quantos estudantes de hoje saberão o que significa RDA, DDR e, já agora, URSS? - estava a movimentar-se e a exigir mais liberdade
O governo da Alemanha Oriental perdeu o controlo e sem que conseguisse reagir viu os seus cidadãos forçarem o muro perante guardas completamente atónitos ou sem saber o que fazer.
Para quem, como eu, tinha visto o auge do comunismo nos anos 70, que parecia uma força invencível - lembre-se que em 1975 Saigão caíra e que o Cambodja também ficava sob domínio dos kmhers vermelhos -, que os EUA estavam a perder o rumo com a administração ruinosa de Jimmy Carter (concorrente favorito ao concurso de pior presidente dos EUA de sempre) e a Europa Ocidental em tergiversões como a Ostpolitik de Willy Brandt, a noite do dia 9 de Novembro foi absolutamente fabulosa. The writing was on the wall e foi o início do fim para uma ideologia messiânica terrena que matou milhões de pessoas.
Bem sei que ainda há regimes (mais ou menos) comunistas na China, Coreia do Norte, Cuba, Vietname e Cambodja. Mas já não são vistos como "sol da terra" (na imortais palavras de Álvaro Cunhal), antes como bizarrias que durarão mais ou menos tempo de acordo com as debilidades específicas de cada regime.
Todavia, há também algo que me lembra desta crise na Alemanha Oriental. É um comentário que esse grande especialista em assuntos internacionais chamado José Goulão fez quando, durante este período de crise, lhe perguntaram qual o futuro da RDA (é preciso não esquecer que a reunificação só se fez constitucionalmente em 3 de Outubro de 1990) e ele respondeu que a RDA nunca se iria integrar na RFA (República Federal Alemã ou Bundersrepublik Deutschland - BRD), pois com os seus 40 anos de história tinha criado uma mentalidade de independência em relação aos seus vizinhos ocidentais. Viu-se...
Desde esse dia, ouço todos os "soi-disant" especialistas com um pé atrás (nunca sabemos quando nos sai um outro Goulão).
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