Prioridades

Ouço na SIC-N, Carvalho da Silva dizer que a prioridade do novo governo deve ser o de garantir uma aumento aos trabalhadores da Administração Pública.

Estamos conversados. O que é preciso é garantir uma base eleitoral fiel. A esquerda parece tratar a função pública como os senadores romanos tratavam aqueles cidadões romanos que lhe davam apoio e que tinham o nome de "clientes" (cliens, entis).

Conforme se sabe, na Antiga Roma, os clientes eram os cidadãos romanos livres, mas de origem plebeia, que estavam sob a protecção de um patronus, um patrício, o qual lhes prestava assistência em todas as circunstâncias da vida, recebendo este, em contrapartida, da clientela cumprimentos matinais e, sobretudo, apoio nas eleições.

A função pública está-se a tornar numa verdadeira clientela, com o seu peso desmesurado na sociedade portuguesa. É claro que os seus patronos são os partidos de esquerda, como o PS e o PCP, e ainda o BE, que a querem instrumentalizar através da manutenção de estatuto de privilégio em relação a quem trabalha no sector privado, estando os problemas da função pública na primeira linha de prioridades desta gente.

Podem-me dizer que Carvalho da Silva é antes de mais um sindicalista, mas penso que ele traduz todo o pensamento da esquerda em relação a esta questãoo. Ainda ontem, no debate da SIC-N com vários jornalistas, um deles, já não me lembra qual, disse sem gaguejar que não acreditava que os PSD tivesse tido, em 2002, muitos votos dos 700 000 funcionários públicos. Porque será?

Sendo assim, vê-se que o funcionalismo público é um travão à modernização da sociedade portuguesa, pois olha-se a si mesmo como um sistema que se justifica por si mesmo, não atentendo ao facto de que só existe para servir os cidadãos.

Está-se mesmo a ver o que nos espera se a esquerda ganhar eleições.

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