Multiculturalismo

Hoje estou a aproveitar o ter um pouco mais de tempo livre para ir lendo o que se foi escrevendo na semana passada em vários blogs. Dentre as várias leituras, quero destacar o artigo Multiculturalismo por Luís Marvão no seu Office Lounging.

Dito de outro modo, o multiculturalismo estabelece o primado da comunidade sobre o indivíduo. Insiste na especificidade, no direito à diferença das comunidades, entidades monolíticas onde não há espaço para a esfera individual. Nessa deriva identitária, o indivíduo fica encerrado na sua identidade de origem.

Este determinismo é fonte de atropelos à dignidade da pessoa humana : se uma rapariga é obrigada a casar contra a sua vontade, tal é visto como uma prática ancorada nos costumes ancestrais da comunidade, não havendo por isso lugar a intervenção do Estado na defesa da dignidade individual. E a pobre rapariga, não constituída em sujeito autónomo, somente parte de um todo, lá tem de se sujeitar à sua sorte; e não há associação de defesa dos direitos humanos que se interesse pela sua causa.

Concordando com o diagnóstico, não posso deixar de concordar também com a prescrição:

As sociedades ocidentais necessitam de remover este corpo ideológico, enfatizar mais as semelhanças do que as diferenças entre os vários agrupamentos humanos; enfatizar a dignidade do indivíduo, independentemente das pertenças culturais, étnicas ou religiosas; enfatizar a Cidadania e os Direitos Humanos.

O multiculturalismo (ou a diversidade ou whatever) não é o respeito pelas culturas diferentes da nossa. É antes a perpetuação da opressão de uma sociedade, de uma religião, de uma moralidade sobre o indivíduo, impedindo aquilo por o qual muita gente se bateu no Ocidente: o (verdadeiro) direito à diferença.

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