Notas soltas (act.)

Na última semana não tive muito tempo para o blog, pelo que alguns assuntos não foram comentados em devido tempo.

- No muito já comentado debate Portas-Louçã na SIC-N, Louçã disse que só quem alguma vez gerou uma vida poderia ter opinião sobre o aborto. Alguns blogs, levaram isto para uma suposta homofobia. Penso que não é o caso. Desde já a frase de Louçã é inaceitável, porque levada ao extremo significaria que só poderíamos ter opinião sobre aquilo em que tivessemos experiência. Por outro lado, não há contextualização que salve a inaceitabilidade de tal opinião. Penso, apenas, que esta afirmação demonstrou, se tal era necessário pois os mais atentos já disso se deram conta há muito tempo, que a modernidade do Bloco de Esquerda é apenas uma fachada, um verniz que estala à mínima contariedade. E como os tiques de moralismo que afectam o Bloco - moralismo apoiado numa suposta superioridade moral sobre todos os outros partidos - rapidamente resvalam para o totalitarismo.

- Marcelo discursou ao lado de Filipe Menezes em Celorico de Bastos. Foi no mínimo aborrecido para aqueles que gostam de ver guerrilhas internas no PSD. Não é que Santana e Marcelo tenham feito as pazes. Para mim se dá o caso que Marcelo, tal como eu que não sou um santanista, penso que, apesar de tudo, será sempre melhor para o país o PSD ganhar as eleições com Santana do que Sócrates com o PS.

- O programa de governo do PS foi apresentado no passado fim-de-semana durante o Fórum Novas Fronteiras. Como já era de esperar, nada de novo... Vitorino tentou explicar aos assistentes que o pior inimigo do PS era a abstenção. Bem, para mim, depois de ter visto a pré-campanha do PS, penso que o maior adversário do PS nestas eleições é mesmo o próprio PS. A quantidade de asneiras tem sido assinalável. Começo a convencer-me que não é líquido uma vitória do PS.

- De notar que passam hoje 40 anos sobre a morte de um dos grandes estadistas do séc. XX, Winston Churchill. Chruchill foi sem dúvida um homem controverso durante toda a sua vida, mas foi um dos primeiros na Grã-Bretanha a ver o perigo de Alemanha nazi. Nas conferências de guerra, Estaline temia-o mais do que a Roosevelt (é natural, Roosevelt era mais socialista do que Churchill, que nunca gostara dos bolcheviques). Foi também Churchill que marcou o início da Guerra Fria, com o seu célebre discurso no Westminster College, em Fulton, Missouri, a 5 de Março de 1946, quando disse:

From Stettin in the Baltic to Trieste in the Adriatic an iron curtain has descended across the Continent. Behind that line lie all the capitals of the ancient states of Central and Eastern Europe. Warsaw, Berlin, Prague, Vienna, Budapest, Belgrade, Bucharest and Sofia; all these famous cities and the populations around them lie in what I must call the Soviet sphere, and all are subject, in one form or another, not only to Soviet influence but to a very high and in some cases increasing measure of control from Moscow.

Apesar de referir países que acabaram por não ficar na órbita de Moscovo, como por exemplo na Áustria, a metáfora "cortina de ferro" foi imediatamente adoptada e marcou o início da "guerra fria".

- Já me ia esquecendo de que hoje também faz um ano que morreu Miklos Féher. Eu simpatizava com Féher mesmo quando ele era tão pouco utilizado no Porto. Féher foi vítima de uma guerra que não era a dele e, mesmo descontando o facto de não ser um goleador como Jardel, fez falta ao Porto, por exemplo, na época em que o Sporting ganhou o campeonato com Inácio. Féher quase não foi utilizado, depois foi para o Braga, etc., etc., etc... Por fim rumou a Lisboa. Não gostei como o Porto tratou Féher, como também não gostei do modo como o Porto tratou com Drulovic. Por vezes o meu clube trata muito mal os seus futebolistas. Não sei como ficou o caso da indemnização que o Porto pediu ao Benfica por causa da transferência de Féher, mas só lhe ficava bem ter acabado com o assunto.

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