Acta est fabula

Encerrado que está o acto de governação santanista, vamos ver o que nos reserva o futuro.

Em primeiro lugar, foi bem sucedido o golpe de estado constitucional feito pelo Presidente da República. Tal como Ferro Rodrigues o disse, as eleições só foram convocadas quando o PS teve nova direcção.

Para já não me parece que o futuro seja muito brilhante, o governo Sócrates, seja ele qual for, não promete, pois, obviamente, não poderá satisfazer as expectativas que criou. Certamente que contará com a cumplicidade da imprensa, mas será difícil cumprir, por exemplo, com os 150000 empregos prometidos.

No que diz respeito ao PSD, ainda sem conhecer resultados finais, penso que Pedro Santana Lopes deverá demitir-se e convocar Congresso para eleição de novo líder. Os resultados são maus de mais para se dar qualquer benefício da dúvida. Como eu disse, Santana Lopes não era o meu líder preferido. Votei PSD porque penso que um governo PS seria, e será, sempre pior. Mas os resultados são o que são e é preciso partir para outra. É a minha opinião.

Quantos aos restantes partidos, nada de especial, apenas de considerar a subida do BE. Tanta gente enganadinha, sobretudo nas cidades. O intelectual chique-caviar está na moda.

Comentários

António Viriato disse…
O logro Barrosista-Santanista teve o seu desfecho inexorável. Apenas lamento a expressão da vitória do PS, que é totalmente imerecida, nada tendo feito para a justificar. Vejo mais a situação como uma forte rejeição das actuações do PSD, demasiado divorciadas das preocupações dos cidadãos, demasiado focadas em objectivos algo abstractos, como a competitividade das empresas, que, sendo necessário assegurar, não é suficiente para mobilizar o eleitorado, sobretudo quando este vê que ela se traduz regularmente num desmedido conforto das Administrações, com estatutos de níveis europeus, enquanto para os outros se anunciam sempre restrições, quebras de direitos e o espectro do desemprego.
Tanto Barroso, como Santana pretenderam governar ignorando as dificuldades dos cidadãos, apenas preocupados com o défice, o orçamento e a competitividade, questões que, de resto, tão-pouco conseguiram dominar. No fim, nada ou muito pouco podem aduzir a seu crédito. A Educação continuou num caos, a Saúde está uma confusão, a despesa pública e a sumptuária não diminuiram, a Economia não arranca, a Energia permanece sem orientação, a Indústria definha, a Agricultura empobrece, as Pescas perdem quota,etc.,etc. As escolhas políticas revelaram-se decepcionantes. Nada identifica hoje o PSD como um Partido inspirado na Social-Democracia. A guinada neo-liberal descaracterizou-o profundamente e o seu pessoal dirigente é de fraca categoria intelectual e moral. Eis um panorama desapiedado da actual situação. Veremos se daqui se consegue forjar uma regeneração. Sem compreender os erros cometidos dificilmente se acerta com a sua correcção.
Quem quererá, hoje, no PSD, lutar por um partido reformista,sério,competente, equilibrado, patriótico,inspirado na doutrina social-democrática, de forte conteúdo social ?

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