Notas soltas sobre as autárquicas

Estamos a chegar ao fim da campanha das autárquicas e, para (não) variar, o balanço não pode ser muito positivo. Houve barulho a mais, demasiadas quezílias e pouco esclarecimento. Pelos menos, no que diz respeito aos municípios mais mediáticos. Mas, neste fim, de campanha há ainda alguns episódios curiosos.

Antes de mais, para que tudo fique claro, desde já digo que nesta análise não sou, obivamente, imparcial relativamente à cor política. Voto no Porto e vou votar PSD nos três boletins. Independemente disso, penso que as minhas observações não perdem validade.

Em primeiro lugar, quer falar do caso do Bloco de Esquerda. Francisco Louçã, qual Torquemada trotsquista andou à caça dos "candidatos-bandidos", gabando-se que apenas o Bloco de Esquerda tinha uma absoluta pureza em relação a contas com a justiça. Depois acontece que candidata a uma junta de freguesia um ex-terrorista. Se Louçã, quando foi da manifestação de extrema-direita, não tivesse tido como principal argumento contra a manifestação o facto de ser liderado por uma pessoa que cumpriu pena por crime racista, talvez as suas catilinárias contra os "candidatos-bandidos" não soassem tanto a hipocrisia como agora soam.

Mas, pior ainda, há agora o caso da presidente de câmara de Salvaterra de Magos. Seja qual for a desculpa que Louçã dê sobre o assunto, as suas anteriores inequívocas afirmações deixam à mostra a grande falácia moralista do Bloco de Esquerda. Talvez por serem ateus, desconhecem a parábola bíblica sobre o "atirar a primeira pedra".

O segundo caso que trago aqui é o de Pinto da Costa que anunciou o seu apoio a Francisco Assis. Ao contrário de 2001 em que alinhou logo de início com Fernando Gomes, parece que Pinto da Costa esteve à espera do fim da campanha e também de sondagens mais favoráveis para declarar o seu apoio. Teve medo de quê? Toda a gente já sabia que ele nunca votaria no Rui Rio (até nem sei se ele vota no Porto).

Enfim, uma campanha não muito edificante...

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