Apartheid dizem eles...

Por estes dias realiza-se na Universidade de Oxford uma Israeli Apartheid Week, organizada pela Palestinian Society e aprovada pela associação de estudantes da universidade.

Já se sabe no que vai dar: dizer mais de Israel, dos judeus, demonizá-los mais um bocadinho, mas não, não se trata de anti-semitismo, não! é só anti-sionismo, por isso nada preocupante, pois afinal, Daniel Oliveira dixit, o grande perigo na Europa é a islamofobia (voltarei a este termo e à sua tentativa de equiparação, totalmente ilegítima e injustificada, com anti-semitismo ou racismo).

Sobre os boicotes académicos a Israel e a sua má-fé já escrevi algumas vezes( por exemplo, aqui) pelo que não me repetirei. Também não advogo a repressão e o impedimento deste tipo de eventos. Cada um deve ser livre de dizer os seus disparates. Mas o que eu acho piada é a esta característica de "dois pesos, duas medidas" que existe, hipocritamente, na Inglaterra. Se alguém diz alguma coisa contra gays ou muçulmanos tem, prontamente, a polícia à perna a fazer uma investigação por "hate speech" ou outra coisa qualquer, pois é preciso ser inclusivo, não deixar ninguém numa sensação de desconforto, etc., etc. (estes discurso é muita vezes empregue em escolas e universidades).

Mas não posso deixar de notar a desonestidade intelectual de tentar associar o que se passa actualmente em Israel com o que acontecia na África de Sul pré-1990 (ano em que o regime legal do apartheid começou a ser desmantelado pelo governo de F. W. de Klerk ). Que raio de apartheid é este que deixa que os árabes israelitas concorram ao Knesset ao mesmo que advogam a destruição de Israel? Que apartheid é este que não tem autocarros e restaurantes em que é obrigatória a segregação entre israelistas e outros? Vêm-me falar de muros? Muros há muitos e não por uma questão de apartheid, mas de segurança. Sempre assim foi historicamente, assim continua a ser. É só olhar para Marrocos com o ex-Sara espanhol, em Ceuta a separar a cidade do resto de Marrocos, o que os Estados Unidos querem construir na sua fronteira sul. Se são justificados ou não, é outra coisa, mas nada têm a ver com apartheid.

Israel pode e deve ser criticado em muitos aspectos, mas quem começa logo com equiparações de Israel com o Apartheid ou com os Nazis, diz logo ao que vem, pois, no fundo, mas bem no fundo (que é para ver se ninguém descobre), estas manifestações só têm uma motivação: o ódio a Israel e aos judeus.

Comentários

O ódio a Israel e aos judeus está disseminado e tudo serve de pretexto para o exercer. Pior que isso: tornou-se politicamente correcto!
Rui Castro disse…
Muitas coisas separam os ocidentais (em que incluo os judeus) dos fanáticos muçulmanos. A principal é a liberdade. Exemplo: em Israel decidiu-se alinhar nos cartoons anti-semitas e mostrar que é possível caricaturar o próprio umbigo:
http://incontinentesverbais.blogspot.com/2006/03/descubram-as-diferenas.html

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