Coisas que fascinam
Se há obra de literatura que me fascina, essa é a Ilíada. Mas todo o mundo homérico me fascina imenso. Por isso, sigo com interesse notícias como esta: Palace of Homer's hero rises out of the myths.
Segundo a notícia, junto à ilha de Salamina, foi descoberto o palácio de Ajax, rei de Salamina, personagem para mim fascinante, que na Ilíada representa o guerreiro fortíssimo, mas totalmente conforme ao código heróico, não registando qualquer evolução.
O código heróico da "Ilíada" não tem um valor ético-moral, mas antes um conjunto de regras que condicionam o comportamento dos heróis. É amoral. A "Ilíada" é uma história onde o soldado comum não conta, apenas os heróis é que contam. O princípio mais importante deste código é a aretê (a excelência, o valor - mas sem conotação moral) que deriva de aristos, que é a característica dos aristoi ("os melhores").
A meta da acção humana é a aretê, por isso todos os heróis a devem buscar e, como de costume, há duas maneiras de lá chegar: através de feitos guerreiros ou através da eloquência e da sabedoria (que é o caso de Nestor, rei de Pilos).
O herói que alcance a aretê obtém o respeito e a honra pela parte dos outros heróis, isto é, a timê (honra).
Por isso, os heróis da "Ilíada" vivem preocupados com a opinião que os outros possam ter deles. É uma cultura de vergonha, pois não é a sua consciência individual que rege o seu comportamento. Assim deve evitar a vergonha, o desrespeito. O pior que lhes pode acontecer é ser aischrós (vil, indigno).
Ora, Ajax representa, ao contrário, por exemplo, de Ulisses (que é um guerreiro, mas também homem de palavras sábias), este guerreiro primitivo, espécie de força bruta, totalmente conformado ao código heróico. Por isso, quando a herança das armas de Aquiles é atribuída a Ulisses, Ajax considera isso como uma desonra e suicida-se. É esse o tema da tragédia de Sófocles "Ajax". Aliás, na "Odisseia", quando Ulisses desce aos infernos pela primeira vez, Ajax ainda está ressentido com ele e mesmo no Hades não esquece a ofensa feita à timê.
O destino de Ájax é verdadeiramente trágico, integrado num mundo que estava a formar uma nova cultura e de que a "Ilíada" é um dos primeiros mensageiros.
Segundo a notícia, junto à ilha de Salamina, foi descoberto o palácio de Ajax, rei de Salamina, personagem para mim fascinante, que na Ilíada representa o guerreiro fortíssimo, mas totalmente conforme ao código heróico, não registando qualquer evolução.
O código heróico da "Ilíada" não tem um valor ético-moral, mas antes um conjunto de regras que condicionam o comportamento dos heróis. É amoral. A "Ilíada" é uma história onde o soldado comum não conta, apenas os heróis é que contam. O princípio mais importante deste código é a aretê (a excelência, o valor - mas sem conotação moral) que deriva de aristos, que é a característica dos aristoi ("os melhores").
A meta da acção humana é a aretê, por isso todos os heróis a devem buscar e, como de costume, há duas maneiras de lá chegar: através de feitos guerreiros ou através da eloquência e da sabedoria (que é o caso de Nestor, rei de Pilos).
O herói que alcance a aretê obtém o respeito e a honra pela parte dos outros heróis, isto é, a timê (honra).
Por isso, os heróis da "Ilíada" vivem preocupados com a opinião que os outros possam ter deles. É uma cultura de vergonha, pois não é a sua consciência individual que rege o seu comportamento. Assim deve evitar a vergonha, o desrespeito. O pior que lhes pode acontecer é ser aischrós (vil, indigno).
Ora, Ajax representa, ao contrário, por exemplo, de Ulisses (que é um guerreiro, mas também homem de palavras sábias), este guerreiro primitivo, espécie de força bruta, totalmente conformado ao código heróico. Por isso, quando a herança das armas de Aquiles é atribuída a Ulisses, Ajax considera isso como uma desonra e suicida-se. É esse o tema da tragédia de Sófocles "Ajax". Aliás, na "Odisseia", quando Ulisses desce aos infernos pela primeira vez, Ajax ainda está ressentido com ele e mesmo no Hades não esquece a ofensa feita à timê.
O destino de Ájax é verdadeiramente trágico, integrado num mundo que estava a formar uma nova cultura e de que a "Ilíada" é um dos primeiros mensageiros.
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