Boas e más traduções
Não queria deixar de dar boas-vindas à blogosfera a um colega de tradução, Marco Neves, e ao seu blog Traduzido.
Entres os textos publicados, há um, com título Más traduções, bastante interessante, com o qual estou geralmente de acordo, mas que me suscita também algumas questões. Diz o Marco Neves (destaques meus):
2.º Como avaliar uma tradução? Que modelo de avaliação utilizaremos? Não podemos andar à cata de erros avulsos e depois proclamar que a tradução é má porque tem não sei quantos erros avulsos. O Marco fala em "fiel ao original". Será este um critério para avaliação de uma tradução? Por um lado, temos o problema de saber o que "fiel" quer dizer. Por outro lado, será que o texto original é sempre relevante? Se acreditarmos, por exemplo, em Hans Vermeer, o texto original não é tido nem achado para o caso. Penso que, nem sempre, a fidelidade ao original é um critério de avaliação de uma tradução. Também aqui, a finalidade da tradução pode ter uma palavra a dizer.
3.º Quanto a não ter um "aspecto de tradução" é também uma discussão muito interessante. Quais são as marcas desse "aspecto de tradução"? Por exemplo, sintácticas? Por exemplo, Lawrence Venuti insurge-se com a excessiva "domesticação" da literatura estrangeira nos Estados Unidos. Ele gostaria de ver nas traduções mais traços que estranhos/estrangeiros que fizessem o leitor americano pensar nas diferenças culturais, por exemplo. Claro que aqui falo da tradução literária. Em muitos outros tipos de tradução, o problema é completamente diferente. Um manual de instruções de uma máquina, por exemplo.
A estes três aspectos que refiro aqui não procurei dar uma resposta, mas apenas levantar mais algumas questões mais sobre o assunto. Tenho, naturalmente, as minhas ideias sobre estes assunto, mas o tempo é pouco para elaborar sobre elas e, sobretudo, o meio, não será o mais adequado (pela extensão que alguns dos pontos teriam).
Todavia, penso que os tradutores devem, cada vez mais, reflectir sobre o seu trabalho. Tal como diz Venuti (que, por acaso, até é um autor em que discordo em muitos aspectos): "Translators, [...], need to develop a theoretical and cultural self-consciousness about the place and function of their work."
Se começarem por aqui, já não será mau e, certamente, haverá menos "más traduções".
Entres os textos publicados, há um, com título Más traduções, bastante interessante, com o qual estou geralmente de acordo, mas que me suscita também algumas questões. Diz o Marco Neves (destaques meus):
A produção de um texto traduzido tem uma tripla faceta: tem de ser um bom texto (escrito em bom português; mesmo quando o original é mau, pergunto-me?), tem de ser bem traduzido (fiel ao original) e não deve ter aspecto de tradução. A má tradução é uma falha nesses três aspectos: falha na qualidade do texto, falha na tradução, falha na transparência da mesma.1.º Quando ensinei Técnicas de Tradução no Secundário, a primeira coisa que dizia aos meus alunos é que uma tradução é, antes de mais, um texto e, como tal, tinha que ser tratado. Mas, Marco Neves pergunta se a tradução deve estar em bom português mesmo quando o original é mau. Esta resposta é difícil de dar. Em primeiro lugar, deveríamos interrogar o que "tradução" quer dizer. Dito de modo mais claro, o que entendemos por "tradução". É que o conceito de tradução dos romanos era completamente diferente, por exemplo, daquilo que se entende, geralmente, como tradução. Depois para que fim se faz essa tradução? O objectivo pretendido influencia o método de tradução? Resposta complicada, mas a que voltarei mais tarde.
2.º Como avaliar uma tradução? Que modelo de avaliação utilizaremos? Não podemos andar à cata de erros avulsos e depois proclamar que a tradução é má porque tem não sei quantos erros avulsos. O Marco fala em "fiel ao original". Será este um critério para avaliação de uma tradução? Por um lado, temos o problema de saber o que "fiel" quer dizer. Por outro lado, será que o texto original é sempre relevante? Se acreditarmos, por exemplo, em Hans Vermeer, o texto original não é tido nem achado para o caso. Penso que, nem sempre, a fidelidade ao original é um critério de avaliação de uma tradução. Também aqui, a finalidade da tradução pode ter uma palavra a dizer.
3.º Quanto a não ter um "aspecto de tradução" é também uma discussão muito interessante. Quais são as marcas desse "aspecto de tradução"? Por exemplo, sintácticas? Por exemplo, Lawrence Venuti insurge-se com a excessiva "domesticação" da literatura estrangeira nos Estados Unidos. Ele gostaria de ver nas traduções mais traços que estranhos/estrangeiros que fizessem o leitor americano pensar nas diferenças culturais, por exemplo. Claro que aqui falo da tradução literária. Em muitos outros tipos de tradução, o problema é completamente diferente. Um manual de instruções de uma máquina, por exemplo.
A estes três aspectos que refiro aqui não procurei dar uma resposta, mas apenas levantar mais algumas questões mais sobre o assunto. Tenho, naturalmente, as minhas ideias sobre estes assunto, mas o tempo é pouco para elaborar sobre elas e, sobretudo, o meio, não será o mais adequado (pela extensão que alguns dos pontos teriam).
Todavia, penso que os tradutores devem, cada vez mais, reflectir sobre o seu trabalho. Tal como diz Venuti (que, por acaso, até é um autor em que discordo em muitos aspectos): "Translators, [...], need to develop a theoretical and cultural self-consciousness about the place and function of their work."
Se começarem por aqui, já não será mau e, certamente, haverá menos "más traduções".
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