Timor: só dúvidas e algumas perplexidades

O assunto de Timor está verdadeiramente confuso e não eu, certamente, que vou elucidar oassunto às massas. Resta-me, apenas, questionar-me sobre algumas pormenores e questões que gostaria de ver respondidos (por alguém a que isso diga respeito, por exemplo, o MNE ou o MAI).

- Disseram que os soldados da GNR iriam manter a paz, pois, por agora, os australianos iriam repor a paz. Isto é, deixaríamos o trabalho difícil para os australianos, depois iríamos nós. Mas, segundo as últimas notícias, os australianos queixam-se de não ter um quadro legal para poderem actuar, pelo que as pilhagens mantêm-se. Por este andar, nem daqui as dois meses a GNR estará em Timor.

- A mim parece-me que esta opção pela GNR e não pelo Exército é mais uma desculpa do Governo para disfarçar a incapacidade de projectar forças (por pequenas que sejam) neste momento. Com missões militares no Kosovo, na Bósnia e no Afeganistão deixou de haver capacidade de enviar uma única companhia que seja para outro lado qualquer. Será que todas estas missões se justificam? Se penso que a do Afeganistão é justificada, já o mesmo não acho das que estão nos Balcãs, sobretudo a do Kosovo, pois aqui estamos a ajudar a amputar um estado soberano de uma zona que lhe pertence e a criar um país onde o tráfico de toda a espécie abunda, incluindo a entrada de extremistas islâmicos. Quando se decidiu ir para o Afeganistão, talvez se devesse ter requacionado as restantes intervenções, não?

- Por outro lado, falando com diferentes pessoas, elas não percebem como é que se leva mais de um mês para mandar 120 homens da GNR para Timor, independentemente de irem para lá manter a paz ou fazer uma outra qualquer coisa. Dá uma ideia confrangedora do país. Uma ideia de quem quer, mas não pode.

Não nos esqueçamos que a crise começou já há algum tempo, não foi com a chegada das tropas australianas. Durante essa semana e qualquer coisa o governo não fez nada que se visse.

Sei que a situação timorense é complexa, mas nestas duas/três semanas pareceu reinar, no governo em geral, um incapacidade absoluta de saberem o que querem ou de, sequer, fazerem aquilo que pretendem.

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