Batalha de Canas
Segundo os registos, no decurso da 2.ª Guerra Púnica, a 2 de Agosto de 216 a.C., travou-se a batalha de Canas, em que Aníbal Barca, general cartaginês, venceu um exército romano comandado por Paulo Emílio e Terêncio Varrão, naquela que foi, muito provavelmente, a maior batalha do mundo antigo. As perdas romandas foram elevadas, mais de 40000 romanos e aliados mortos ou feitos prisioneiros, tendo morrido 80 senadores e 2 cônsules caíram nesta batalha.
Mas apesar da magnitude da derrota, Roma não caiu. Aníbal achou que o seu exército não seria capaz de tomar Roma. Assim. abrigou-se Cápua, na Campânia, disfrutando de todos os prazeres que os saques lhe podiam proporcionar. Tendo estado em Itália em 202 a.C. foi perdendo progressivamente terreno, pois foi-lhe impossível receber um exército de socorro ou reabastecimentos através do mar, sendo que também não conseguiu um levantamento das cidades italianas contra Roma, até que em 202 a.C. foi obrigado a socorrer Cartago. de facto, a cidade foi atacada pelos romanos sob o comando de Cipião, o Africano. Na batalha de Zama, Aníbal é derrotado por Cipião e Cartago tem que aceitar as condições de paz impostas por Roma.
O resto da história já o sabemos. Roma acabou por destruir Cartago no decorrer da 3.ª Guerra Púnica, de 149 a 146 a.C.
Mas há uma expressão que ficou desta história, as célebres "delícias de Cápua". Como se disse, Aníbal ocupou Cápua, entre 215 e 211 a.C., onde, segundo a história, os seus soldados, em contacto com os requintes e prazeres, amoleceramm, tendo Aníbal perdido a iniciativa. Assim a expressão "delícias de Cápua" ficaram como uma frase feita para ilustrar o facto de alguém se entregar aos prazeres e à preguiça, esquecendo os seus objectivos iniciais e por isso não os alcançando
O nosso grande Sá de Miranda na sua "Carta a João Roiz de Sá de Menezes" (Obras Completas, ed. de Rodrigues Lapa, Sá da Costa, 1976-77), também teme que Portugal se afunde no luxo e no prazer:
Destes mimos Indianos
hei gram medo a Portugal,
que nos recreçam tais danos
como os de Cápua a Aníbal,
vencedor de tantos anos.
A tempestada espantosa
de Trébia, de Trasimeno,
de Canas, Cápua viciosa
venceu em tempo pequeno.
Todas as espantosas vitórias de Aníbal anuladas pelo hedonismo em Cápua. Tal perigo via também Sá de Miranda nos luxos que existiam já em Lisboa desde a descoberta do caminho marítimo para a Índia.
Aliás Sá de Miranda (tal como Gil Vicente - cf. Auto da Índia) não era um entusiasta da opção pelo Índico tomada pelo rei D. Manuel I. Na sua "Carta a António Pereira, senhor do Basto, quando se partiu para a Corte co a casa toda", refere:
Não me temo de Castela,
donde inda guerra não soa;
mas temo-me de Lisboa,
que, ao cheiro desta canela,
o Reino nos despovoa.
Sá de Miranda conseirava o Oriente como causa de decadência (futura) de Portugal.
Voltando a Aníbal, este não aproveitamento (ou melhor, "esbanjamento") das suas vitórias, tornou-se paradigmático e aproveitado para ilustrar inúmeras histórias exemplares.
Mas apesar da magnitude da derrota, Roma não caiu. Aníbal achou que o seu exército não seria capaz de tomar Roma. Assim. abrigou-se Cápua, na Campânia, disfrutando de todos os prazeres que os saques lhe podiam proporcionar. Tendo estado em Itália em 202 a.C. foi perdendo progressivamente terreno, pois foi-lhe impossível receber um exército de socorro ou reabastecimentos através do mar, sendo que também não conseguiu um levantamento das cidades italianas contra Roma, até que em 202 a.C. foi obrigado a socorrer Cartago. de facto, a cidade foi atacada pelos romanos sob o comando de Cipião, o Africano. Na batalha de Zama, Aníbal é derrotado por Cipião e Cartago tem que aceitar as condições de paz impostas por Roma.
O resto da história já o sabemos. Roma acabou por destruir Cartago no decorrer da 3.ª Guerra Púnica, de 149 a 146 a.C.
Mas há uma expressão que ficou desta história, as célebres "delícias de Cápua". Como se disse, Aníbal ocupou Cápua, entre 215 e 211 a.C., onde, segundo a história, os seus soldados, em contacto com os requintes e prazeres, amoleceramm, tendo Aníbal perdido a iniciativa. Assim a expressão "delícias de Cápua" ficaram como uma frase feita para ilustrar o facto de alguém se entregar aos prazeres e à preguiça, esquecendo os seus objectivos iniciais e por isso não os alcançando
O nosso grande Sá de Miranda na sua "Carta a João Roiz de Sá de Menezes" (Obras Completas, ed. de Rodrigues Lapa, Sá da Costa, 1976-77), também teme que Portugal se afunde no luxo e no prazer:
Destes mimos Indianos
hei gram medo a Portugal,
que nos recreçam tais danos
como os de Cápua a Aníbal,
vencedor de tantos anos.
A tempestada espantosa
de Trébia, de Trasimeno,
de Canas, Cápua viciosa
venceu em tempo pequeno.
Todas as espantosas vitórias de Aníbal anuladas pelo hedonismo em Cápua. Tal perigo via também Sá de Miranda nos luxos que existiam já em Lisboa desde a descoberta do caminho marítimo para a Índia.
Aliás Sá de Miranda (tal como Gil Vicente - cf. Auto da Índia) não era um entusiasta da opção pelo Índico tomada pelo rei D. Manuel I. Na sua "Carta a António Pereira, senhor do Basto, quando se partiu para a Corte co a casa toda", refere:
Não me temo de Castela,
donde inda guerra não soa;
mas temo-me de Lisboa,
que, ao cheiro desta canela,
o Reino nos despovoa.
Sá de Miranda conseirava o Oriente como causa de decadência (futura) de Portugal.
Voltando a Aníbal, este não aproveitamento (ou melhor, "esbanjamento") das suas vitórias, tornou-se paradigmático e aproveitado para ilustrar inúmeras histórias exemplares.
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