Arafat

Finalmente foi anunciada a morte de Yasser Arafat. A má telenovela que se fez à volta do seu internamento em França acabou por fim.

Tinha a intenção de escrever um texto onde começaria por dizer que não iria fazer-lhe o elogio fúnebre (disso se encarregarão os atentos, venerados e obrigados órgãos de comunicação social de todo o Ocidente), mas depois, antes de começar a trabalhar, li este texto no Jornal de Notícias da autoria de Francisco José Viegas. No essencial ele diz aquilo que eu queria dizer.

Aconselho a leitura integral, mas deixo aqui o início do texto:

Não, não vou chorar lágrimas de crocodilo. Não vou deixar de reconhecer o seu papel no Médio Oriente e na chamada "causa palestiniana". É provável que seja um herói. Mas não vou tecer um elogio fúnebre. Se os palestinianos ainda não têm um país independente, devem-no também a ele, que desfez acordos e mentiu descaradamente sobre os seus próprios planos, autorizando comandos suicidas formados por adolescentes e treino militar às crianças de Gaza. Se ainda há israelitas que se opõem à constituição de um estado palestiniano (e são muito poucos) devem-no muito a ele, que autorizou e mandou executar civis com a frieza de um "grande líder", condenando massacres em inglês e incentivando-os em árabe. Não aceito a encomenda de um Arafat transformado em anjo - desenho que, repetidamente, as televisões vão pintar, durante as semanas mais próximas, e que os jornais vão reter em colunas laudatórias, rendidas diante da morte do "grande estadista".

Comentários

António Viriato disse…
Muito bem citado este artigo do F.J.Viegas aqui quase uma voz clamando no deserto da nossa desmemoriada Comunicação Social,rendida ao politicamente correcto da hipocrisia reinante.
Parecem um coro a capela nos desbragados panegíricos que produzem. Nem se dão conta do ridículo em que caem.Tivesse morrido um líder israelita radical e veríamos a inversão de critérios...

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