Arafat
Finalmente foi anunciada a morte de Yasser Arafat. A má telenovela que se fez à volta do seu internamento em França acabou por fim.
Tinha a intenção de escrever um texto onde começaria por dizer que não iria fazer-lhe o elogio fúnebre (disso se encarregarão os atentos, venerados e obrigados órgãos de comunicação social de todo o Ocidente), mas depois, antes de começar a trabalhar, li este texto no Jornal de Notícias da autoria de Francisco José Viegas. No essencial ele diz aquilo que eu queria dizer.
Aconselho a leitura integral, mas deixo aqui o início do texto:
Não, não vou chorar lágrimas de crocodilo. Não vou deixar de reconhecer o seu papel no Médio Oriente e na chamada "causa palestiniana". É provável que seja um herói. Mas não vou tecer um elogio fúnebre. Se os palestinianos ainda não têm um país independente, devem-no também a ele, que desfez acordos e mentiu descaradamente sobre os seus próprios planos, autorizando comandos suicidas formados por adolescentes e treino militar às crianças de Gaza. Se ainda há israelitas que se opõem à constituição de um estado palestiniano (e são muito poucos) devem-no muito a ele, que autorizou e mandou executar civis com a frieza de um "grande líder", condenando massacres em inglês e incentivando-os em árabe. Não aceito a encomenda de um Arafat transformado em anjo - desenho que, repetidamente, as televisões vão pintar, durante as semanas mais próximas, e que os jornais vão reter em colunas laudatórias, rendidas diante da morte do "grande estadista".
Tinha a intenção de escrever um texto onde começaria por dizer que não iria fazer-lhe o elogio fúnebre (disso se encarregarão os atentos, venerados e obrigados órgãos de comunicação social de todo o Ocidente), mas depois, antes de começar a trabalhar, li este texto no Jornal de Notícias da autoria de Francisco José Viegas. No essencial ele diz aquilo que eu queria dizer.
Aconselho a leitura integral, mas deixo aqui o início do texto:
Não, não vou chorar lágrimas de crocodilo. Não vou deixar de reconhecer o seu papel no Médio Oriente e na chamada "causa palestiniana". É provável que seja um herói. Mas não vou tecer um elogio fúnebre. Se os palestinianos ainda não têm um país independente, devem-no também a ele, que desfez acordos e mentiu descaradamente sobre os seus próprios planos, autorizando comandos suicidas formados por adolescentes e treino militar às crianças de Gaza. Se ainda há israelitas que se opõem à constituição de um estado palestiniano (e são muito poucos) devem-no muito a ele, que autorizou e mandou executar civis com a frieza de um "grande líder", condenando massacres em inglês e incentivando-os em árabe. Não aceito a encomenda de um Arafat transformado em anjo - desenho que, repetidamente, as televisões vão pintar, durante as semanas mais próximas, e que os jornais vão reter em colunas laudatórias, rendidas diante da morte do "grande estadista".
Comentários
Parecem um coro a capela nos desbragados panegíricos que produzem. Nem se dão conta do ridículo em que caem.Tivesse morrido um líder israelita radical e veríamos a inversão de critérios...