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Novos (velhos) hábitos

A Nações Unidas decidiram acabaram com o sua desacreditada Comissão de Direitos Humanos e criaram um novo Conselho de Direitos Humanos que, supostamente, iria, recuperar a credibilidade da ONU em matérias de defesa dos direitos humanos. Se a constituição do Conselho já não augurava nada de muito brilhante (China, Cuba, Federação Russa, Arábia Saudita são alguns dos seus membros actuais), as práticas do dito vêm confirmar que a credibilidade do novo Conselho é igual a zero. Porquê? Segundo reporta The Jerusalem Post : The new UN Human Rights Council voted Friday to make a review of alleged human rights abuses by Israel a permanent feature of every council session. The resolution, which was sponsored by Islamic countries, was passed by a vote of 29-12, with five abstentions. It effectively revives a practice of the UN's dissolved Human Rights Commission, which also reviewed alleged Israeli abuses every time it met. Israel protested Friday's vote, calling it a perpetuation of ...

Isenção jornalística

Acabo de ouvir uma reportagem na RTP-N sobre o actual o conflito israelo-palestiniano, em que se faz referência ao "exército sionista". Onde isto já vai. Todos sabemos que a utilização de certas palavras não é inocente e, então, neste conflito, ainda muito menos. Neste contexto, a classificação dos israelitas como "sionistas" é habitualmente utilizada pela esquerda (e direita) anti-semita e pelos inimigos do estado de Israel (e que desejam a sua destruição). Parece que a RTP-N acabou de tomar partido: está do lado dos inimigos de Israel. Post scriptum. É preciso não nos esquecermos que o Padre Carreira das Neves, há uns anos atrás, também falava do "exército judeu". Enfim, anti-semitismo recalcado.

Timor: só dúvidas e algumas perplexidades

O assunto de Timor está verdadeiramente confuso e não eu, certamente, que vou elucidar oassunto às massas. Resta-me, apenas, questionar-me sobre algumas pormenores e questões que gostaria de ver respondidos (por alguém a que isso diga respeito, por exemplo, o MNE ou o MAI). - Disseram que os soldados da GNR iriam manter a paz, pois, por agora, os australianos iriam repor a paz. Isto é, deixaríamos o trabalho difícil para os australianos, depois iríamos nós. Mas, segundo as últimas notícias, os australianos queixam-se de não ter um quadro legal para poderem actuar, pelo que as pilhagens mantêm-se. Por este andar, nem daqui as dois meses a GNR estará em Timor. - A mim parece-me que esta opção pela GNR e não pelo Exército é mais uma desculpa do Governo para disfarçar a incapacidade de projectar forças (por pequenas que sejam) neste momento. Com missões militares no Kosovo, na Bósnia e no Afeganistão deixou de haver capacidade de enviar uma única companhia que seja para outro lado qualquer...

Boas e más traduções

Não queria deixar de dar boas-vindas à blogosfera a um colega de tradução, Marco Neves, e ao seu blog Traduzido . Entres os textos publicados, há um, com título Más traduções , bastante interessante, com o qual estou geralmente de acordo, mas que me suscita também algumas questões. Diz o Marco Neves (destaques meus): A produção de um texto traduzido tem uma tripla faceta: tem de ser um bom texto (escrito em bom português; mesmo quando o original é mau, pergunto-me?), tem de ser bem traduzido (fiel ao original) e não deve ter aspecto de tradução . A má tradução é uma falha nesses três aspectos: falha na qualidade do texto, falha na tradução, falha na transparência da mesma. 1.º Quando ensinei Técnicas de Tradução no Secundário, a primeira coisa que dizia aos meus alunos é que uma tradução é, antes de mais, um texto e, como tal, tinha que ser tratado. Mas, Marco Neves pergunta se a tradução deve estar em bom português mesmo quando o original é mau. Esta resposta é difícil de dar. Em...

Miser Europa II

A Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI) divulgou ontem o seu 3.º relatório sobre a situação dinamarquesa , como se sabe esse país do norte da Europa onde não se respeitam os direitos humanos... Não o li integralmente, mas houve alguns pontos que me saltaram à vista. Por exemplo: Antisemitism 85. ECRI deeply regrets the fact that Holocaust denial and revisionism are not a crime in Denmark. It has thus been brought to its attention that 90% of Nazi material and memorabilia as well as Holocaust denial material are published and manufactured in Denmark and sold in the rest of Europe, mainly in Russia. ECRI also notes with concern that as freedom of speech prevails in Denmark, antisemitic statements are not monitored. It has further been informed that although there are approximately 5000-6000 Jews in Denmark, very little research is carried out regarding their situation. As a positive matter, ECRI notes that since 2003, each year the Holocaust Memorial Day is comme...

Miser Europa...

... neste caso específico, Holanda. E porquê? Vejam o caso lamentável que esta semana se passou com a agora ex-deputada holandesa Ayaan Hirsi Ali. E isto certamente não acontece por acaso, pois esta senhora era demasiado incómoda para esta pobre Europa acobardada. A história conta-se em poucas palavras, como se pode ler aqui , por exemplo. Em resumo, Hirsi Ali, nascida na Somália, mentiu em 1997, para obter a cidadania holandesa, mas desde 2002 (ainda antes de ser deputada), que não fez segredo disso. Esta semana, a televisão pública holandesa voltou a recordar este facto, num documento intitulado "Santa Ayaan", através de um testemunho (pago) de um irmão. A ministra Rita Verdonk, do mesmo partido de Hirsi Ali, apanhada talvez nas malhas da sua política rigorosa de imigração (por vezes um pouco cega) e na luta pela liderança do seu partido, rapidamente julgou que se deveria retirar a cidadania holandesa a Ali. Isto num país em que a expulsão de imigrantes ilegais que mentiram...

Poema do dia

Coimbra, 14 de Maio de 1981. REMEMORAÇÃO Sim, a vida não presta. Mas foi bonita a festa Da mocidade. O corpo são, a alma sã, e todos os sentidos Na sua virgindade Castamente despidos. Lembrá-lo, agora, dá não sei que paz. Esta paz medular De já ter sido, E ter sido capaz De uma hora solar Gravada a fogo no tempo perdido. (Miguel Torga, Diário XIII)

Leitura de fim-de-semana

Para o fim-de-semana, deixo a seguinte recomendação de leitura: L'immigrationisme, ou la dernière utopie des bien-pensants de Pierre-André Taguieff . Só um bocadinho, para ver se abro o apetite para a leitura (destaques meus): Partons de la thèse bien-pensante sur l'immigration, la thèse centrale de l'immigrationnisme, telle qu'elle est formulée dans le langage politique ordinaire : l'immigration serait un phénomène à la fois inéluctable et positif . C'est là une thèse étrange, qui a pour conséquence de fermer la discussion qu'elle semble ouvrir. Elle indique en effet une voie politique unique : celle de l'acceptation sans discussion de ce qu'on appelle « l'immigration ». Il n'est nul besoin d'être un spécialiste du droit de la nationalité pour relever l'incompatibilité entre l'existence d'États-nations indépendants et souverains et le principe de l'entrée libre dans les États-nations de tous les migrants qui se présenten...

Leituras

Sou, habitualmente, um leitor incansável pelo que ando sempre com um livro comigo, vá para onde vá. A minha mulher já estranha quando saio de casa e não levo o famigerado livro. Mas, e se calhar nem sequer é estranho, a literatura não ocupa o maior espaço nas minhas leituras. Usualmente o meu interesse reparte-se entre história, linguística, teoria da tradução, literatura (com, actualmente, maior preponderância da poesia sobre a prosa e de autores mais antigos sobre os mais modernos) e política (mais ou menos por esta ordem de importância). Também é hábito ler vários livros ao mesmo tempo, alternando os livros, mas tentanto não deixar demasiados dias entre leituras para poder continuar a leitura sem perder o fio à meada. No entanto, nos últimos dias concentrei-me praticamente num livro cuja leitura me absorveu totalmente: a biografia de D. Dinis por José Augusto Pizarro , editada pelo Círculo de Leitores no âmbito da sua colecção Reis de Portugal . Esta série faz a biografia de todos o...

A caixa de Pandora

Para um observador exterior, Rodriguez Zapatero parece estar empenhado em desfazer em poucos anos aquilo que levou aos reis de Castela centenas de anos a construir. Os reis de Castela sempre se acharam com direito ao título de "Imperator hispanorum", pois consideravam-se (acima de todos os outros reinos da Hispânia) como os herdeiros legítimos do Império Visigótico desaparecido em 711 d.C. Mas, agora que Zapatero está há cerca de 2 anos no governo, a Espanha dá alguns inquietantes sinais, não diria de desagregação, mas de um certo mal-estar. Depois da questão da palavra "nació" no novo estatuto da Catalunha, agora a Andaluzia aprovou um novo estatuto, que procura emular o da Catalunha, que procura equiparar essa região autónoma com as outras nacionalidades históricas, andanado às voltas com expressões como "realidad nacional" e "una nacionalidad histórica". A Andaluzia? Enfim, a Catalunha abriu o caminho, agora os outros vão todos tentar segui-l...

Informação

No meu outro blog, Humanae Litterae , publico a segunda parte do meu artigo sobre Catulo .

Obituário

Na noite de passagem de sábado para domingo, morreu Jean-François Revel .

Abrilices

Leio no Jornal de Notícias que o BE decidiu protestar contra Rui Rio porque este condecorou, no passado 25 de Abril, o major-general Pires Veloso. Segundo o Bloco, estas condecoração é condenável porque, por um lado, Rio não condecorou qualquer "resistente antifascita" ou "militar de Abril", mas sim Pires Veloso um confesso "opositor ao movimento popular desencadeado no pós-25 de Abril". Não sou muito velho, andava no ciclo quando se deu o 25-A, mas lembro-me bem da arbitrariedades que o antecessor de Pires Veloso no cargo de comandante militar da Região Militar Norte cometeu durante o seu breve consulado (de Abril a Setembro), de seu nome Eurico Corvaco. Se calhar, o Bloco prefiriria que Rui Rio condecorasse Corvacho, esse sim, um verdadeiro militar de Abril pois até mandou prender pessoas sem qualquer justificação apenas porque as achava contra-revolucionárias. Ah, já me esquecia, parece que a oposição ao "movimento popular desencadeado no pós-25 de...

Liberdade

Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quando há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. O mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca... Fernando Pessoa

Campeões, campeões, etc., etc.

Este ano já está. Agora, é ganhar a Taça.

Polémicas literárias e tradução...

O Da Literatura é um blog que leio com regularidade, embora, confesso, desconheça quase por completo a produção literária do Eduardo Pitta ou do Jorge Melícias, por exemplo. A razão é simples, normalmente interesso-me mais por produções literárias do passado do que aquilo que se faz contemporaneamente.Quanto ao blog, é um dos mais interessantes que conheço. Ontem, Jorge Melícias colocou um artig o de resposta a um comentário que o José Mário Silva fez no suplemento 6.ª do Diário de Notícias à tradução de Melícias dos "Conselhos aos Jovens Literatos" de Baudelaire. E o que dizia JMS (destaques meus)? Ao recuperar estes Conselhos… , o poeta Jorge Melícias n ão se limitou a traduzir com pouco esmero – e alguns erros de palmatória – um texto menor e quase juvenil de Baudelaire (publicado em 1846, quando o autor de As Flores do Mal andava pelos 25 anos). Ao desmascarar o “escritor maldito” que se revela um “burguês usurário e sem escrúpulos, alguém que confunde literatura com...

Caça às bruxas? Mas, afinal, quem a faz?

Há uns dias atrás, António Dornelas, citando um artigo do The Guardian , fez uma entrada chamada Um novo McCarthismo , a propósito de uma suposta caça às bruxas feitas por grupos conservadores aos professores progressistas nas universidades norte-americanas. Um dia depois, Joana Amaral Dias, citando o mesmo artigo, publica uma entrada chamada O novo Mccartismo , a propósito de uma suposta caça às bruxas que os conservadores fazem aos professores progressistas nas universidades norte-americanas. Digo suposta caça às bruxas, mas apenas pelo facto de ser mencionado como autores os conservadores e vítimas os progressistas. Por que se eles querem ver caça às bruxas a sério então o sentido é diferente: são, habitualmente, os progressistas (mais os seus aliados de ocasião, activistas da mais diversas causas fracturantes e islamistas) que procuram impedir o "free speech" dos conservadores, apelidando-o de "hate speech" apenas por que não concordam com eles. É que para os pr...

Disparates mediáticos...

Hoje, durante todo o dia ouvi um grande disparate, repetido ad nauseam pelas televisões e não só: O Vaticano tinha criado mais três pecados. O disparate repercutiu-se depois pela Internet, p. ex. o Diário Digital intitula a notícia desta forma: Vaticano actualiza lista dos pecados modernos . Ora, só pode dizer isto, ou andar a espalhar isso, quem nada percebe do assunto. Primeiro, o cardeal Francis Stafford não é o Vaticano, e apesar das suas altas funções, não pode falar pelo Vaticano. Segundo, o modo como foi transmitida a mensagem: foi durante uma homilia. Não é, obviamente, qualquer tipo de documento oficial vindo do Vaticano, aprovado pelo Papa. É apenas uma reflexão de um cardeal sobre o sacramento da confissão (ou da penitência). E a afirmação tão glosada, até à exaustão, pela imprensa tem um contexto. Por isso, talvez não fosse mal que os jornalistas antes de escreverem disparates lessem os documentos os textos completos antes de macaquearem as notícias. Por isso, nada melhor d...

Lapsus calami

Ao ler a entrada Critérios Nebulosos do Paulo Gorjão, em que ele muito certeiramente critica o nosso MNE, salta-me à vista a seguinte frase: Porquê pronunciar-se sobre Taiwan e não, por exemplo, sobre as recentes declarações do Hamas que deixam antever uma mudança histórica de posição? Provavelmente, Paulo Gorjão estava a referir-se a uma carta que Mahmud al-Zahar, ministro dos negócios estrangeiros do Hamas, enviou ao secretário-geral das Nações Unidas em que admitiria uma solução de dois estados para o conflito israelo-palestiniano. Só que, tenham calma, ó gentes, o Hamas, corrigiu rapidamente o tiro (provavelmente para maior descanso dos anti-semitas deste mundo) e veio dizer que afinal a carta enviada foi a carta errada : But a Hamas official in Gaza told Reuters the wrong letter had been sent. The official said Zahar made changes to an initial draft of the letter, such as deleting references to the two-state solution. The older version was mistakenly sent. Earlier, Zahar angrily...

Informação

No meu outro blog, Humanae Litterae , a primeira parte de um texto sobre o poeta romano Gaio Valério Catulo (séc. I a.C.). Espero que gostem. Amanhã seguir-se-á a segunda parte.